Insuficiência cardíaca

incapacidade de o coração bombear sangue nos volumes mais adequados para atender às demandas do metabolismo

Insuficiência cardíaca (IC), muitas vezes descrita como insuficiência cardíaca congestiva (ICC), é uma condição em que o coração é incapaz de bombear sangue na corrente sanguínea em quantidade suficiente para dar resposta às necessidades do corpo.[11][12][13] Os sinais e sintomas mais comuns incluem falta de ar, fadiga e pernas inchadas.[4] A falta de ar geralmente agrava-se com o exercício físico ou em posição deitada, e é capaz de acordar a pessoa durante a noite.[4] Existe também uma capacidade limitada para a realização de exercício físico.[14] A dor torácica, incluindo angina, geralmente não é um sintoma de insuficiência cardíaca.[15]

Insuficiência cardíaca
Insuficiência cardíaca
Principais sinais e sintomas de insuficiência cardíaca
Sinónimos Insuficiência cardíaca crónica, insuficiência cardíaca congestiva[1][2][3]
Especialidade Cardiologia
Sintomas Falta de ar, fadiga, pernas inchadas[4]
Duração Geralmente para toda a vida
Causas Enfarte do miocárdio, hipertensão arterial, ritmo cardíaco anormal, excesso de álcool, infeções, lesões no coração[4][5]
Fatores de risco Fumar, estilo de vida sedentário
Método de diagnóstico Ecocardiograma[6]
Condições semelhantes Insuficiência renal, doenças da tiroide, doenças do fígado, anemia, obesidade[7]
Medicação Diuréticos, medicamentos cardíacos[6][8]
Frequência 40 milhões (2015),[9] 2% dos adultos (países desenvolvidos)[5][10]
Mortes Risco de morte de 35% no primeiro ano[4]
Classificação e recursos externos
CID-10 I50.0
CID-9 428.0
CID-11 1458683894
DiseasesDB 16209
MedlinePlus 000158
eMedicine med/3552
MeSH D006333
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Entre as causas mais comuns de insuficiência cardíaca estão a doença arterial coronária, incluindo um episódio anterior de enfarte do miocárdio, hipertensão, fibrilação auricular, valvopatia, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, infeções e miocardiopatia de causa desconhecida.[4][5] Estes causam insuficiência cardíaca, alterando a estrutura ou do funcionamento do coração.[4] Existem dois tipos principais de insuficiência cardíaca: insuficiência cardíaca devido à disfunção do ventrículo esquerdo e insuficiência cardíaca com fração de ejeção normal, dependo de estar ou não afetada a capacidade do ventrículo de se contrair, ou da capacidade do coração em relaxar.[4] A gravidade da doença é geralmente classificada em função do grau de problemas ao realizar exercício.[7] A insuficiência cardíaca não é o mesmo que enfarte do miocárdio (em que parte do músculo cardíaco morre) nem que paragem cardiorrespiratória (em que a corrente sanguínea é interrompida).[16][17] Entre outras doenças com sintomas semelhantes à insuficiência cardíaca estão a obesidade, insuficiência renal, problemas no fígado, anemia e doenças da tiroide.[7]

O diagnóstico da condição tem por base o histórico de sinais e sintomas e um exame físico confirmado por ecocardiografia.[6] As análises ao sangue, um eletrocardiograma e radiografia de tórax podem ajudar a determinar a causa subjacente.[6] O tratamento depende da gravidade e da causa da doença.[6] Em pessoas com insuficiência crónica moderada e estável, o tratamento geralmente consiste em modificações do estilo de vida como deixar de fumar,[8] praticar exercício físico,[18] alterações na dieta e medicação.[8] Em pessoas com insuficiência cardíaca devida a disfunção do ventrículo esquerdo, é recomendada a administração de inibidores da enzima de conversão da angiotensina e antagonistas do recetor da angiotensina II.[6] Em pessoas com doença grave, podem ser usados antagonistas da aldosterona ou hidralazina com um nitrovasodilatador.[6] Os diuréticos são úteis na prevenção de retenção de fluidos.[8] Por vezes, dependendo da causa, pode ser recomendado o implante de um dispositivo como um pacemaker ou um cardioversor desfibrilhador implantável.[6] Em alguns casos moderados ou graves pode ser sugerida terapia de ressincronização cardíaca[19] ou modulação da força de contração muscular.[20] Em pessoas com doença grave que não responderam a outros tratamentos pode ser recomendado um dispositivo de assistência ventricular ou um transplante de coração.[8]

A insuficiência cardíaca é uma condição comum, com elevados custos e potencialmente fatal.[5] Em países desenvolvidos, cerca de 2% dos adultos são afetados pela doença, valor que aumenta para 6–10% em pessoas acima dos 65 anos de idade.[5][10] No ano seguinte ao diagnóstico, o risco de morte é de cerca de 35%, diminuindo a partir daí para menos de 10% em cada ano.[4] Este risco é semelhante ao de alguns tipos de cancro.[4] No Reino Unido, a doença é responsável por 5% dos casos de admissão urgente no hospital.[4] A insuficiência cardíaca é conhecida desde a Antiguidade e já era mencionado no Papiro de Ebers, datado de cerca de 1550 a.C.[14]

Insuficiência Cardíaca Aguda (ICA)

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É um acontecimento súbito e catastrófico de grande risco e que ocorre devido à qualquer situação que torne o coração incapaz de uma ação eficaz. Geralmente a Insuficiência Cardíaca Aguda é consequente a um infarto do miocárdio, ou a uma arritmia severa do coração. Existem ainda as Insuficiências Cardíacas Agudas provocadas por doenças não cardíacas. A Insuficiência Cardíaca Aguda é uma situação grave, exige tratamento médico emergencial, e mesmo assim é, muitas vezes, fatal.

Exemplo delas são a hemorragia severa, o traumatismo cerebral grave e o choque elétrico de alta voltagem.

Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)

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É o estado fisiopatológico em que o coração é incapaz de bombear sangue a uma taxa satisfatória às necessidades dos tecidos metabolizadores, ou pode fazê-lo apenas a partir de uma pressão de enchimento elevada.[21]

A Insuficiência Cardíaca Congestiva pode aparecer de modo agudo mas geralmente se desenvolve gradualmente, às vezes durante anos. Sendo uma condição crônica, gera a possibilidade de adaptações do coração o que pode permitir uma vida prolongada, às vezes com alguma limitação aos seus portadores, se tratada corretamente.

Epidemiologia

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No mundo: 23 milhões de casos.

Nos EUA: Maior problema de saúde pública; 5,2 milhões de casos; 550 mil novos casos/ano; 12 a 15 milhões de consultas médicas; 6,5 milhões de dias de internamentos/ano; Reinternamentos em 30-50% em 6 meses; 300 000 mortes anuais; 54 000 mortes diretas; Custo de U$ 15 bilhões/ano/ internamentos.

No Brasil: 6,5 milhões de doentes; 30% é internado anualmente; 4% de todas as internações; 31% das internações cardiovasculares; 380 000 hospitalizações/ano; média de 5,8 dias cada; R$ 200 milhões anuais; 5,6 a 6,0% de mortalidade hospitalar.

Causas

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Principais Causas

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  • Um dos exemplos de Insuficiência Cardíaca é a estenose aórtica, onde uma das válvulas de saída do coração não se abre perfeitamente, e a insuficiência aórtica, onde uma das válvulas permite um refluxo de sangue, fazendo com que o volume de sangue ejetado diminua. Então o coração adota mecanismos para, em um primeiro momento, tentar compensar e aumentar o volume ejetado na sístole do ventrículo esquerdo.
  • Também, doenças que aumentam o metabolismo geral do organismo também levam à sobrecarga de trabalho cardíaco. Um exemplo é o hipertireoidismo, que é um excesso de hormônio de tireoide circulante.
  • Fatores genéticos: Vários genes que são importantes na insuficiência cardíaca também parecem regular o tamanho e a função do coração em pessoas saudáveis.[22]

Taquicardia

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Fisiopatologia

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Quando a IC se inicia por diminuição da força do miocárdio (músculo cardíaco), o processo segue com alterações no próprio músculo e no organismo como um todoː

O número de sistemas envolvidos é muito grande e apenas parcialmente conhecido. A interação entre estes múltiplos sistemas leva a progressiva diminuição da capacidade do coração funcionar como efetiva bomba propulsora sangue.

Diagnóstico

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O médico faz o diagnóstico através de um exame clínico:

  • Auscultação cardíaca (sopros);
  • Auscultação pulmonar (chiado);
  • Edema dos membros inferiores.

Manifestação clínica

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A base do diagnóstico de qualquer doença é a história clínica, onde são identificados os sintomas da pessoa doente. Os possíveis sintomas de Insuficiência cardíaca são:

  • Dispneia (falta de ar) A falta de ar do portador de insuficiência cardíaca caracteristicamente se dá aos esforços físicos e quando o portador encontra-se deitado (ortopneia);
  • Tosse;
  • Fraqueza (astenia);
  • Edema (inchaço, ou aumento do volume dos membros);
  • Dor abdominal;
  • Palpitação;
  • Tonturas;
  • Diminuição da emissão de urina.
    • Habitualmente, estão presentes em cada pessoa doente apenas uma parte dos sintomas acima, em graus variáveis. Uma pessoa tem mais tosse, a outra mais inchaço e assim por diante.
    • Os sintomas não são patognomônicos, ou seja, não são exclusivos desta doença. Uma pessoa pode ter o mesmo grau de inchaço que outra, e a primeira ter insuficiência cardíaca e a segunda ter varizes.
  • Falhando o ventrículo esquerdo, o território que congestiona é o pulmonar. Isso explica a falta de ar, que de início surge aos grandes esforços, depois aos médios, terminando pela falta de ar mesmo em repouso. Com a piora surge a ortopneia, a falta de ar quando deitado. A pessoa pode acordar durante a noite devido a falta de ar o que a obriga a sentar para obter algum alívio. É a dispneia paroxística noturna. Isso pode evoluir ainda para um quadro ainda mais grave de descompensação esquerda denominado de edema agudo de pulmão, grave, e que termina em morte se não tratado de urgência.
  • Falhando o ventrículo direito surge o edema, ou o inchaço, principalmente das pernas e do fígado, além de outros órgãos, tudo provocado pelo acúmulo de líquidos nesses órgãos.

Exame físico

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No exame físico são identificados sinais da doença. Sinais são dados objetivos, que sensibilizam algum sentido do observador, como a visão ou o tato. São possíveis sinais da Insuficiência cardíaca:

Exames complementares

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Existem numerosos métodos complementares que mostram alterações devida a Insuficiência cardíaca. Cada um deles tem o potencial de ver uma aspecto particular da doença, e como o próprio nome diz, completam a busca de informações feita pelo Terapeuta ao analisar a doença. Não existe um melhor, existe os indicados para aquela situação. São métodos comumente usados na avaliação da Insuficiência cardíaca:

Tratamento

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Há a necessidade de tratar, se possível, a doença subjacente que desencadeou a Insuficiência Cardíaca Congestiva, temos a estenose da válvula aórtica ou mitral, e a hipertensão arterial.

  • O tratamento para a insuficiência cardíaca envolve um grande número de opções;
  • As finalidades do tratamento são prolongar a vida do paciente e melhorar a sua qualidade de vida;
  • As modalidades de tratamento podem ser agrupadas em 3 áreas: Tratamento não farmacológico, Tratamento farmacológico e Procedimentos mecânico-cirúrgicos.

Deve-se também tratar o coração insuficiente. Para isso, restringe-se a ingestão de sal. É aconselhável emagrecer. Usam-se medicamentos chamados diuréticos, além de outros que agem diretamente no músculo cardíaco ou que corrigem as arritmias existentes. Com essas medidas, um médico consegue prolongar por anos a vida de um paciente acometido de Insuficiência Cardíaca Congestiva. Poderá haver necessidade de transplante cardíaco como última solução.

Tratamento não farmacológico

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Neste grupo de medidas se enquadram:

  • Optimização do nível de atividade físico;
  • Utilização de Oxigênio;
  • Optimização do consumo de sal e de líquidos;
  • Medidas nutricionais;
  • Reabilitação cardíaca.[23]

Tratamento farmacológico

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Neste grupo de medidas se enquadram as seguintes classes de medicações:

Existem muitas substâncias sob investigação, como:

Procedimentos Mecânico-Cirúrgicos

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Neste grupo se enquadram os procedimentos que buscam corrigir defeitos estruturais do coração ou promover ajuda mecânica à contração.

Células Estaminais

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Neste grupo estão as técnicas que procuram formar novo tecido muscular cardíaco a partir de células progenitoras, chamadas células estaminais. Esta terapia ainda está em estudo em seres humanos (2006), devendo vir a ser disponibilizada para prática clínica após o resultados dos últimos trabalhos científicos.

Referências

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  2. Harrison RN, Daly L (2011). A Nurse's Survival Guide to Acute Medical Emergencies (em inglês). [S.l.]: Elsevier Health Sciences. p. 26. ISBN 978-0-7020-4900-2 
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  4. a b c d e f g h i j k «Chronic Heart Failure: National Clinical Guideline for Diagnosis and Management in Primary and Secondary Care: Partial Update». National Clinical Guideline Centre: 19–24. Agosto de 2010. PMID 22741186 
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  6. a b c d e f g h «Chronic Heart Failure: National Clinical Guideline for Diagnosis and Management in Primary and Secondary Care: Partial Update». National Clinical Guideline Centre: 34–47. Agosto de 2010. PMID 22741186 
  7. a b c «Chronic Heart Failure: National Clinical Guideline for Diagnosis and Management in Primary and Secondary Care: Partial Update». National Clinical Guideline Centre: 38–70. Agosto de 2010. PMID 22741186 
  8. a b c d e «Chronic Heart Failure: National Clinical Guideline for Diagnosis and Management in Primary and Secondary Care: Partial Update». National Clinical Guideline Centre: 71–153. Agosto de 2010. PMID 22741186 
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