Parque da Orla do Guaíba
O Parque Urbano da Orla do Guaíba, também conhecido pelo seu nome oficial Parque Jaime Lerner ou apenas Orla do Guaíba, trata-se de um parque urbano público localizado na região central da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul no Brasil. Em um processo de revitalização, o parque possui três trechos, destes os trechos um e três com uma revitalização moderna completa, e seu segundo trecho em processo de revitalização possuindo atualmente uma obra realizada e entregue para a Copa do Mundo FIFA de 2014.
Parque da Orla do Guaiba
Parque Jaime Lerner | |||||||
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De cima para baixo, da esquerda para direita: Parque visto de uma das suas pontes suspensas sob a água; Atracadouro Turístico Nico Fagundes; Pedestres passeiam no trecho um da orla; Diversas quadras esportivas do trecho três da orla | |||||||
País | Brasil | ||||||
Estado | Rio Grande do Sul | ||||||
Cidade | Porto Alegre | ||||||
Bairros | Centro Histórico, Praia de Belas e Menino Deus | ||||||
Tipo | Público | ||||||
Área | 3,4 km | ||||||
Paisagista | Jaime Lerner e Associados | ||||||
Administração | Prefeitura de Porto Alegre | ||||||
Coordenadas | |||||||
Início do parque urbano |
Possuindo seu início oficial logo após o Cais Mauá e tendo seu final no Estádio Beira Rio, o parque tem 3,4 km de extensão abrangendo três bairros distintos: o Centro Histórico, o Praia de Belas e o Menino Deus.
O parque é palco de diversos eventos culturais promovidos sazonalmente pela prefeitura, além de possuir 9 grandes monumentos dispostos em todo sua extensão. O parque também é equipado para a prática de atividades esportivas, possuindo: mais de 29 quadras esportivas de diversas modalidades (futebol, futsal, voleibol, tênis, futevôlei e basquetebol), ciclovias em toda sua extensão, calçadão para caminhada em toda sua extensão e abrigar o maior skatepark da América Latina.
História
editarAntecedentes
editarA orla do guaíba esteve sempre presente na vida do porto-alegrense desde sua criação quando casais açorianos em meados do século XVIII chegaram desembarcaram na orla do lago guaíba, assim fundando o Porto de Viamão — que futuramente tornaria-se Porto Alegre.[1]
Junto com seu estabelecimento na cidade, os açorianos auxiliaram a fundar um porto na região chamado Porto de Viamão, que futuramente no século XX seria revitalizado e renomeado de Cais Mauá.[2] Após a enchente de 1941, o Cais recebeu um grande muro de contenção com um sistema de compotas para evitar a invasão do lago à cidade em caso de crise,[3] sistema este sendo utilizado pela última vez em 2024 durante a enchente que afetou a cidade e possuíndo algumas permanentemente fechadas.[4]
Em 11 de novembro 1928 uma usina termoelétrica na base do Cais Mauá foi inaugurada, a usina tratava-se da Usina do Gasômetro, que ficou conhecida após a instalação de sua grande chaminé em 1937 coordenado pelo então prefeito Alberto Bins para amenizar os problemas causados pela emissão de fuligem.[5]
Parque contemporâneo
editarCom a desativação da Usina do Gasômetro em 1947, foi iniciada na cidade uma discussão sobre o destino da antiga usina termoelétrica. Que posteriormente em 1988 foi transformada em um centro cultural, com a usina e sua chaminé sendo tombada pelo IPHAN, assim dando início à fase cultural da região.[5]
Por muito tempo o turismo da região restringindo-se ao Centro Cultural da Usina do Gasômetro, o restante da orla ficou esquecido.[5] Até o inicio da sua revitalização em 2011,[6] na gestão do prefeito José Fortunati, possuindo em 2014 sua primeira grande inauguração, o Anfiteatro Pôr do Sol para a recepção da Copa do Mundo FIFA de 2014.[7] Com as obras no seu primeiro trecho ocorrendo nos anos entre 2015 e 2018, e posteriormente com as obras em seu terceiro trecho sendo concluídas em 2022.[8][9]
Mapa interativo
editarO mapa abaixo trata-se de um mapa interativo, ao clicar sob os ícones será possível receber informações detalhadas sobre o seu significado. Ao ampliar o mapa também será possível ampliar suas informações, assim revelando nome de ruas e detalhes do parque.
Em amarelo claro estão dispostos monumentos e pontos turísticos |
Em azul estão dispostos cais embarcadouros |
Em laranja estão dispostos bares e restaurantes |
Em vermelho estão dispostos pontos fixos de policiamento |
Em verde claro estão dispostas quadras de esporte |
Divisão em trechos
editarPara facilitar a gestão e a revitalização da Orla, a prefeitura de Porto Alegre resolveu dividi-la em duas grandes áreas, sendo uma denominada "orla central" onde se encontra o Parque da Orla do Guaíba abrangendo o trecho que se inicia no Cais Mauá e estendendo-se até a Fundação Iberê Camargo. Já a segunda área é nomeada de "orla sul" que engloba a região posterior à Fundação Iberê Camargo e estende-se até o final da orla de Ipanema.[10]
Mesmo ocupando uma área considerável da orla central, o Parque da Orla do Guaíba não ocupa toda a área; porém para facilitar a gestão do parque, a prefeitura subdividiu a orla em três trechos que possuíram sua revitalização realizada separadamente porém seguindo um mesmo padrão arquitetônico.[10]
Trecho um
editarO primeiro trecho da orla inicia-se no encontro entre o final do Cais Mauá e o Usina do Gasômetro estendendo-se até a Rótula das Cuias onde encontra-se também com o Parque Harmonia.[11] O trecho possui cerca de 1.300 metros de comprimento e cerca de 81,4 mil m² e teve sua inauguração no ano de 2018 após uma total revitalização.[9][11] Atualmente o trecho continua recebendo melhorias e manutenções menores quando comparadas as grandes obras antes de sua inauguração.[12]
Fazem parte de sua estrutura: monumentos, bares, restaurantes, banheiros, ciclovias e pontes que possibilitam a proximidade do visitante com o lago. Também é possível realizar passeios de barcos no arcadouro turístico Nico Fagundes presente neste trecho da orla.[11] Atualmente o trecho é administrado por uma concessão público-privada entre a Prefeitura e a empresa privada GAM 3 Parks.[13][11]
Trecho dois
editarO segundo trecho do parque inicia-se logo após o final do primeiro trecho na Rótula das Cuias e estende-se até a Avenida Ipiranga onde encontra-se com o Parque Marinha do Brasil e com o terceiro trecho da orla. Ao contrário dos dois outros trechos, a área não possui grande revitalização[14] desde do ano de 2014, quando o anfiteatro Pôr do Sol foi utilizado para realização de shows e exibição de jogos da Copa do Mundo FIFA de 2014 quando a cidade foi cede de algumas partidas realizadas no estádio do Sport Club Internacional, o Gigante da Beira-Rio. Atualmente, por sua falta de estrutura, o trecho não é muito movimentado e o anfiteatro ali instalado é constantemente vandalizado.[15][7]
A proposta de revitalização do trecho iniciou ainda em novembro de 2021.[14] Naquele mês, o Executivo publicou um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) sobre o Trecho 2. O recebimento de dois projetos e o início da análise dos mesmos ocorreram no ano seguinte.[16] Entre março e abril de 2023, a SP Parcerias, especializada no tema, prestou consultoria para avaliar as modelagens econômica, jurídica e ambiental dos dois projetos recebidos. A gestão municipal escolheu um projeto para o trecho, feito pela consultoria Cheetah.[17] O Trecho 2, que possui um terreno de 134 mil metros quadrados, deverá ser ocupado por uma esplanada, marina pública e um centro de eventos que substituirá o existente anfiteatro Pôr do Sol, já que o mesmo foi condenado e aguardava uma proposta para a área para demolição após seu alvará contra incêndios ter vencido.[18]
A proposta da consultoria, no material apresentado[19], tem um centro de eventos com 24 mil m² de construção, no espaço interno com capacidade de até 10 mil pessoas, e um anfiteatro com capacidade para 2 mil. Terá pavilhão de exposições, salas multimídia e auditório, rooftop, cafeteria e estacionamento coberto. Para a marina pública, são 26 mil m² de construção, contará com 581 vagas para embarcações, galpão de manutenção, posto de abastecimento, estacionamento de automóveis, edifício administrativo com comércios e serviços. A esplanada terá capacidade para até 30 mil pessoas e disporá de um mirante. A área deverá ter ainda uma reserva natural para cágados, parque infantil, cachorródromo, decks e passarelas. Ainda é proposta a ideia de ter um museu aquário, hotel flutuante, uma instituição de ensino superior e uma feira, descrita como "Open Mall". Toda a construção deve demorar 4 anos e iniciar ao final de 2024. A concessão a quem ganhar a licitação vale por 35 anos, e o contrato deve ser assinado em meados do final do segundo trimestre de 2024.[20]
Trecho três
editarO terceiro trecho do parque inicia-se logo após a Avenida Ipiranga e no início do Parque Marinha do Brasil, estendendo-se até as proximidades do estádio Beira-Rio. O trecho possui 1 600 metros de comprimento sendo o último trecho à sofrer revitalização, sendo entregue no ano de 2022.[21] O trecho em questão possui bares, banheiros e chuveiros além do claro enfoque na prática de esportes possuindo 29 quadras para prática de esportes como futebol, futsal, futevôlei, vôlei de praia, basquete e tênis; além de possuir o maior skatepark da América Latina.[22]
Monumentos e atrativos
editarUsina do Gasômetro
editarA Usina do Gasômetro é uma antiga usina brasileira de geração de energia localizada no primeiro trecho do Parque da Orla do Guaíba. A usina movida a carvão mineral recebeu o nome de Gasômetro erroneamente tendo em vista que fazia referência aos tanques de gás de petróleo que era distribuído por canalização às residências da cidade que ficavam ao lado de onde hoje está a usina, com isso, a ponta da cidade passou a se chamar "Ponta do Gasômetro" e a rua que contornava esta ponta de "Volta do Gasômetro". Com a instalação posterior da usina termoelétrica, esta passou a se chamar "Usina da Ponta do Gasômetro" ou simplesmente "Usina do Gasômetro".[5]
A usina foi inicialmente instalada em 1928 pela Companhia de Energia Elétrica Rio-Grandense (CEERG), subsidiária da multinacional estadunidense Eletric, Bond & Share Co. que geriu a eletricidade e o transporte elétrico de Porto Alegre até 1954. A usina seria utilizada para geração de luz substituindo outras duas usinas termoelétricas da cidade. A chaminé de 117 metros, um dos símbolos da Usina, foi construída em 1937 durante a administração de Alberto Bins para amenizar os problemas causados pela emissão de fuligem. Devido à crise do petróleo e à falta de condições de atender à demanda de energia a usina foi desativada em 1974 tornando-se um centro cultural no ano de 1995.[5]
Atualmente tombado pelo IPHAE, a usina é utilizada como ponto turístico e atualmente passa por reforma devida a sua antiga natureza.[5]
Estátua em homenagem à Elis Regina
editarA cantora Elis Regina foi conhecida pela competência vocal, musicalidade e presença de palco. Entre todas as suas obras, umas das suas principais foi Falso Brilhante (1975-1977) e Transversal do Tempo (1978), sendo estas reconhecidas internacionalmente.[23][24]
Como parte das comemorações dos 237 anos de Porto Alegre, em 26 de março de 2009, foi inaugurada ao lado do Usina do Gasômetro no trecho um da orla uma estátua de bronze da cantora.[25][26] A obra, produzida pelo artista plástico José Pereira Passos representa Elis Regina em tamanho real com seu característico cabelo curto vestindo um vestido longo com diversas estrelas espalhadas por ele.[27] Estrelas estas que escorrem até seus pés derramando sob um disco de granito inspirado em um disco de vinil onde constam as escrituras centrais "Homenagem da cidade de Porto Alegre a Elis Regina, grande intérprete da música popular brasileira", bem como um pouco da sua história com a cidade escrita em formato orbicular onde é possível ler: "Elis Regina Carvalho Costa - Filha de Romeu Costa e Ercy Carvalho, nasceu no bairro IAPI na cidade de Porto Alegre em 17 de março de 1945". Ao lado da cantora existe um banco também feito de bronze onde é possível sentar-se para posar junto a estátua.[28][26]
Monumento "Olhos Atentos"
editarO monumento "olhos atentos", trata-se de um monumento interativo realizado pelo artista plástico José Resende e cedido como um presente para a cidade de Porto Alegre no ano de 2006 após ser um dos artistas convidados pela 5.ª Bienal do Mercosul para produzir obras permanentes para Porto Alegre.[29] A obra é composta por duas vigas de aço, que se estendem acima do Guaíba, formando uma passarela, no qual é acessível ao público.[30]
Em 2019 foi descoberto um possível problema na obra que poderia levar-la à seu colapso.[31] O fato era que o peso e a movimentação dos visitantes a obra estavam causando leves inclinações que poderiam acarretar acidentes graves.[31] A obra foi reaberta ao público no ano de 2022 após ter sua estrutura reforçada e vistoriada, e foi imposto uma barra central de proteção na obra, assim limitando o número de visitantes à 20 simultâneos além de facilitar a distribuição de massa sob toda a estrutura.[29]
Rótula das Cuias
editarA rótula das cuias trata-se de uma rotatória urbana localizada no limite entre o trecho um e dois do parque. Onde existe em uma das suas extremidades um monumento chamado de Supercuias criado pelo artista plástico Saint Clair Cemin no ano de 2003 sendo um presente do artista durante a 4.ª Bienal do Mercosul. O monumento é formado por 12 cuias idênticas resultando em um grande dodecaedro, o objeto cuia foi escolhido como uma homenagem ao povo gaúcho e sua tradição de tomar chimarrão utilizando tal objeto.[32][33]
Por seu formato de complexa interpretação, o monumento acabou virando piada entre alguns porto-alegrenses que consideram o formato do monumento parecido com seios femininos, assim apelidando o local de "Rótula das Tetas".[34] Em 2020 com veiculação da pandemia da COVID-19, o seu formato característico também foi associado a doença, recebendo outro apelido, desta vez a "Rótula do Coronavírus" em decorrência de seu formato ser parecido com as representações do vírus em formato de "coroa".[34]
360° POA Gastrobar
editarO 360° POA Gastrobar trata-se de um bar e restaurante inaugurado no ano de 2018 no trecho um da orla. O proprietário do bar trata-se do empresário Edemir Simonetti, conhecido por ser proprietário também do tradicional Chalé da Praça XV um café em formato de um chalé colonial localizado em frente ao Mercado Público de Porto Alegre.[35]
O empreendimento também possui suas características marcantes, principalmente pelo fato do restaurante estar totalmente dentro do lago Guaíba com seu acesso sendo exclusivo por uma ponte metálica.[36] O restaurante tem um formato oval e possui suas paredes e chão feitas de vidro, assim permitindo a visualização do visitante tanto do lago quanto do tradicional por do sol que ocorre nos finais da tarde no lago.[35] No local o visitante pode encontrar um vasto cardápio, que possui como destaques: as sobremesas, os hambúrgueres, os coquetéis alcoólicos, os pratos a base de carne e as cervejas.[36]
Megapista da Orla
editarA Megapista da Orla é o nome popular para o skatepark presente no terceiro trecho do Parque da Orla do Guaíba. Entregue no ano de 2022, foi projetada pela empresa Spot Skateparks em conjunto com a empresa Rio Ramp Design tendo sua construção sendo auxiliada pela construtora Ambiente SB PARKS.[37][38] Possuindo 6 km² de área, é considerado o maior skatepark da América Latina, retornando um prestígio à cidade que anteriormente era detentora do título por possuir o primeiro e consecutivamente na época o maior skatepark na área do Parque Marinha do Brasil.[38] Em conjunto com a prefeitura o local é palco para diversas atividades de divulgação do esporte, bem como para a inclusão de crianças carentes e com deficiência a praticas desportivas.[39][40]
A megapista possui três modalidades do esporte em um único trecho interligado, sendo eles:[37][41]
- Pista street: a prática "street" (do inglês: rua) trata-se da modalidade onde os praticantes utilizam-se de objetos do cotidiano das ruas (corrimão, lixeira, banco...) como obstáculos para realizar suas manobras.[41]
- Bowl: o "bowl" (do inglês: tigela) trata-se de uma pista em formato de uma tigela profunda porém não extensa, onde os praticantes conseguem realizar manobras com o impulso de suas decidas tanto nas inclinações da própria pista quanto nas beiradas.[41]
- Snake bowl: o "snake bowl" ou simplesmente "snake" (do inglês: cobra) é um tipo de pista onde o praticante utiliza-se de uma pista em formato de uma piscina rasa porém com diversas curvas e inclinações. A pista recebe este nome, por ter um formato semelhante ao rastro deixado por uma serpente após sua passagem.[42]
Galeria
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Menino observa o pôr do sol
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Homem passeia sob as passarelas durante o pôr do sol
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Usina do Gasômetro vista do cais embarcadeiro presente no parque
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Passarelas presentes sob o Guaíba
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Monumento helicoidal
Referências
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