PRINCIPAIS DOENÇAS REPRODUTIVAS
NA BOVINOCULTURA – PARTE II
BVD
A denominação “Diarréia Viral Bovina” abrange uma série de manifestações clínicas - patológicas,
causada por um agente viral denominado Vírus da Diarréia Viral Bovina (VBVD). É um vírus de
RNA fita simples, que pertence ao gênero dos pestivirus e atua diminuindo a imunidade do
hospedeiro.
Possui distribuição mundial e é considerado um dos principais patógenos de bovinos. No Brasil a
infecção e as enfermidades associadas ao VBVD são descritas desde os anos 60. Embora
identificado originalmente de casos de doença gastroentérica, e relacionado com esse tipo de
patologia, o VBVD é um vírus freqüentemente associado com fenômenos reprodutivos.
Os animais infectados liberam continuamente o vírus através de suas secreções e fluídos corporais
(figura 1), transmitindo lentamente a infecção entre os bovinos, disseminando primeiramente entre
os animais mais próximos. Quando ocorre a infecção em fêmeas prenhes ele é capaz de
atravessar a placenta e infectar o feto. As conseqüências da infecção fetal são determinadas pelo
estágio de gestação em que a fêmea é infectada, pelo biotipo e pela cepa do vírus.
A infecção fetal entre 40 a 120 dias de gestação, com cepa não citopatogênica, freqüentemente
resulta na produção de bezerros imunotolerantes, persistentemente infectados (PI) com o vírus.
O bezerro PI geralmente é soro negativo, ou seja, não apresenta anticorpos contra o vírus, pode
ser clinicamente normal, e excretar o vírus continuamente em grande quantidade em secreções.
Por isso, é considerado ponto-chave na epidemiologia da infecção. A identificação e descarte dos
animais PI constituem etapas essenciais para o controle e/ou erradicação do VBVD dos rebanhos.
Figura 1: Secreções que transmitem a infecção entre os bovinos.
Fonte: Slideshare – Josiebonel – UFPEL.
Em muitos rebanhos onde a infecção é endêmica, a falha reprodutiva representa o sinal mais
evidente. A infecção antes ou após a cobertura ou inseminação artificial pode resultar em perdas
reprodutivas como infertilidade temporária, retorno ao cio, mortalidade embrionária e fetal, ou
até defeitos congênitos (microencefalia, hidrocefalia, hipoplasia cerebelar, defeitos oculares,
mielinização deficiente da medula espinhal), aborto, mumificação, malformações fetais,
nascimento de bezerros fracos e inviáveis. Em muitos rebanhos, as má formações são os
únicos achados que sugerem a presença do vírus. A morte fetal ocorre, geralmente, até o quarto
mês de gestação, mas a expulsão fetal pode ocorrer de alguns dias a meses após a infecção.
Infecção após o quarto mês pode ocasionar nascimento de bezerros fracos, mas raramente levam
ao aborto. Em geral, abortos em qualquer fase de gestação podem ser atribuídos ao VBVD.
O diagnóstico de BVD pode ser feito pela demonstração de antígenos virais no sangue dos
animais por meio de técnicas como ELISA. O diagnóstico também pode ser feito indiretamente por
meio da pesquisa de anticorpos, entretanto é importante ter o histórico vacinal dos animais já que
pode interferir da interpretação dos resultados. A identificação e o isolamento dos animais que
estão transmitindo a infecção antes de 3 semanas diminuem as chances de um surto de BVD. O
sinal clínico de aborto é o mais difícil para se diagnosticar, o que pode ocorrer semanas após a
instalação do vírus em animais vacinados ou não e, que às vezes, não tenham demonstrado outros
sinais clínicos da enfermidade, além da necessidade do diagnóstico diferencial das outras causas
de aborto.
Tricomonose
É uma doença infecto-contagiosa dos bovinos, determinada por um protozoário, o Trichomonas
foetus. Suas principais manifestações ocorrem nas fêmeas e caracterizam-se por endometrite,
piometra, cervicite, vaginite, irregularidades do cio, abortamento na primeira metade da
gestação (principalmente nos dois primeiros meses), esterilidade temporária e morte do
feto.
É uma doença sexualmente transmissível, pois o microorganismo coloniza o sistema genital tanto
de fêmeas quanto de machos. Na fêmea o T. foetus coloniza a vagina, o útero e o oviduto, mas o
protozoário não impede a concepção. Cerca de 2 a 5% das vacas infectadas apresentam
piometra ou uma infecção crônica no útero. A resposta inflamatória do útero ao organismo
invasor ocorre dentro de 6 a 8 semanas e muitas vezes é responsável pela morte embrionária. As
vacas infectadas mantêm o parasita durante muitos ciclos após a infecção ou após a perda da
gestação. Entretanto, esta é uma doença autolimitante, sendo o T. foetus eliminado do trato
reprodutivo após alguns meses devido a uma resposta imune específica induzida pela infecção.
Existem ainda vacas portadoras permanentes, nas quais ocorre aparentemente uma falha no
mecanismo imune; estes animais continuam infectados durante toda a gestação e no período após
o parto, mantendo assim a doença no rebanho.
A tricomonose pode ser transmitida do touro infectado para a vaca susceptível ou da vaca
infectada para o touro susceptível durante a cobertura. Nos machos o T. foetus é encontrado no
pênis e na membrana prepucial, na maioria das vezes o touro infectado não apresenta sintomas.
Touros mais velhos infectados tornam-se portadores permanentes.
O diagnóstico é feito principalmente pela identificação laboratorial do protozoário em material
coletado dos genitais (muco cervico-vaginal, exsudato uterino, líquidos placentários e
lavados prepuciais, figura 2). O lavado prepucial deve ser feito, preferencialmente após um
repouso sexual de uma semana para que haja um maior acúmulo de protozoários nas criptas
prepuciais e facilite a observação dos mesmos. Usar solução salina a 0,85% a 37ºC (cuidado para
não contaminar com urina), fazer vigorosa massagem prepucial e encaminhar ao laboratório para
análise.
Figura 2: Exemplo de como deve ser retirada a amostra no touro.
Fonte: Site milkpoint.
Neosporose
Em todo mundo, o N. caninum é considerado um dos principais agentes causadores de distúrbios
da reprodução, sendo considerado atualmente como o responsável por uma das mais importantes
enfermidades causadoras de abortos em bovinos leiteiros e responsável por expressivos prejuízos
econômicos a rebanhos de corte. As perdas econômicas por neosporose em bovinos não se
limitam apenas aos abortos, mas o descarte prematuro de matrizes, a mortalidade neonatal de
bezerros, os gastos indiretos incluindo honorários profissionais, gastos com estabelecimento do
diagnóstico e reposição de animais também devem ser incluídos. Difunde-se rapidamente nos
rebanhos pela transmissão horizontal, onde os cães são os hospedeiros definitivos, sendo
também hospedeiros intermediários, infectando-se com seus próprios oocistos eliminados pelas
fezes.
O sinal clínico associado com a neosporose em bovinos é o aborto (Figura 3) que se concentra no
segundo terço da gestação e a média é em torno de cinco meses e meio. A infecção por Neospora
pode resultar em abortos, mumificações, mortes no útero, seguidas de absorções e
natimortos. Os bezerros que nascem vivos podem ter sinais clínicos de paralisia, baixo
crescimento e ganho de peso. Também podem estar infectados no útero, mas sem sinais clínicos,
fato que contribui para persistência e disseminação crônica no rebanho.
Figura 3 – Aborto por N. caninum.
Fonte: UFRGS
Os Métodos de diagnósticos diretos utilizados para N. caninum são exames histopatológicos e
imunohistoquímico. Já os métodos de identificação indireta são a Reação de
imunofluorescência indireta (RIFI) e o ensaio imunoenzimático (ELISA).
Uma das melhores formas de controlar a introdução da infecção no rebanho é a realização de
testes diagnósticos e atestados negativos da doença em animais provenientes de outras
propriedades. Também como alternativas de controle são sugeridas algumas práticas de manejo
relacionadas à interrupção do ciclo de transmissão do N. caninum. Uma delas é evitar a interação
de cães com o rebanho, a fim de prevenir a contaminação fecal de água e pastagem.
O estabelecimento de um programa de monitoramento para confirmação da ausência do N.
caninum é recomendado. Este programa deve incluir testes sorológicos, de todas as vacas que
abortaram e exames histopatológicos de tecidos fetais e placentários para confirmação da
ausência do parasito. Nas propriedades onde já foi diagnosticada a infecção o monitoramento deve
ser realizado no sentido de prevenir abortos e minimizar os riscos de transmissão vertical e
horizontal.
Dica baseada no texto da Dra. Thais Pires Lopa, WebRural. Fonte: Maurício Garcia, Alice M.M.P. Della Libera,
Ivan R. Barros Filho em Guia On Line de Clínica Buiátrica; Maristela Vasconcellos Cardoso do Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento de Sanidade Animal
MATERIAL COD/EXAMES PRAZO DIAS
B33-PERFIL SANITÁRIO DE DOADORAS
Sangue total
Leptospirose, IBR , BVD, Neospora, Leucose. 5
ou soro
Métodos: Sorológicos
B34A/B-PERFIL SANITÁRIO DE
Sangue total RECEPTORAS
5
ou soro Leptospirose, IBR , BVD, Neospora.
Métodos: Sorológicos
B35A/B-PERFIL SANITÁRIO DE
Sangue total REPRODUTOR
5
ou soro Leptospirose, IBR , BVD, Neospora, Leucose,
Trichomonas, Campilobacter, Espermocultura.
Fragmento de
BIO- HISTOPATOLOGIA – BIOPSIA
órgão em 5
Método: avaliação microscópica.
formol 10%.
B08M - DIAG EPIDEMIOLOGICO DE MASTITE
Leite 15
POR MYCOPLASMA SP
“O que você quer na próxima DICA? Responda a este e-mail e nos dê a sua
sugestão, opinião ou dúvida. Teremos o maior prazer em ouvi-lo.”
EQUIPE DE VETERINÁRIOS - TECSA Laboratórios
Primeiro Lab. Veterinário certificado ISO9001 da
América Latina. Credenciado no MAPA.
PABX: (31) 3281-0500 ou 0300 313-4008
FAX: (31) 3287-3404
tecsa@[Link]
RT - Dr. Luiz Eduardo Ristow CRMV MG 3708
Facebook: Tecsa Laboratorios
[Link]
INDIQUE ESTA DICA TECSA PARA UM AMIGO
“Você recebeu este Informativo Técnico, pois acreditamos ser de seu interesse. Caso
queira cancelar o envio de futuros emails das DICAS TECSA ( Boletim de Informações e
Dicas ), por favor responda a esta mensagem com a palavra CANCELAMENTO no campo
ASSUNTO do email. ”