Historiografia Antiga
1.1 O surgimento da escritas e sua importância
1.2 Quando surgiu a escrita, os sacerdotes procuraram fixar por escrito o
legado religioso que até aí tinham conservado e transmitido através da
via oral. Assim foi possível fixar as mais antigas cosmogonias. Além do
legado religioso, a memória de antigos heroísmos guerreiros, foi
também objecto de fixação escrita. E assim puderam escapar ao
esquecimento ou ás alterações da tradição oral, algumas das mais
antigas produções cosmogónicas e épicas.
1.3 Cosmogonias e Mitografias
1.4 As Cosmogonias contam-se entre as primeiras tentativas pré-
científicas de explicação da formação do universo. Nessa explicação,
não intervêm apenas elementos naturais. Intervêm também elementos
sobre naturais.
A Mitografia, também está ligada ao elemento sobrenatural, e constitui as
primeiras tentativas pré-científicas de explicação de fenómenos naturais,
sociais, económicos, políticos e até culturais. Os Mitos destinguem-se em
Mitos da primeira e Mitos da segunda água. Os primeiros são de origem
colectiva e os outros se devem aos mitógrafos do templo ou do palácio de
todos os tempos.
A Historiografia Judaica
A historiografia Judaica antiga alimenta-se de uma obra (a Bíblia) de vários
géneros literários: poesia, história e direito.
2.1 Importância da Bíblia
Pela natureza e quantidade dos temas nela abordados, a Bíblia constitui
uma verdadeira literatura nacional do povo judaico e uma preciosa fonte
de informação acerca da sua história, assim como da história dos povos do
Próximo Oriente, com os quais os Judeus estiveram em contacto ( Caldeus,
Egípcios, Fenícios, Assírios, Persas, etc);
Na falta de outras fontes a Bíblia foi, até ao primeiro quartel do século XIX,
a principal fonte de informação acerca da história do Próximo Oriente
Antigo;
O facto de ser o livro sagrado de católicos, protestantes e cristãos
ortodoxos, conferiu ao conteúdo da Bíblia uma credibilidade quase
universal e serviu de instrumento de unidade entre os Judeus e entre
outros povos;
2.2 A queda da Bíblia como única fonte da História do Oriente Antigo
Com a decifração das antigas escritas egípcias e cuneiformes, no século
XIX, a Bíblia passou a um segundo plano, como fonte histórica das
civilizações referidas, não só pela abundância como também pela
antiguidade e credibilidade das novas fontes.
Além disso, veio a beneficiar a interpretação histórica da própria Bíblia. A
partir desta altura, as histórias egípcias e mesopotâmicas, passaram a
fornecer subsídios preciosos para o conhecimento da História dos judeus.
Versões bíblicas como as do Éden, do Deflúvio e da Torre de Babel
encontravam-se já documentadas na literatura Suméria, cerca de 1500
anos mais antiga, o que veio facilitar a distinção entre matéria histórica e
matéria mítica.
2.3 Divisão entre o Poder Real e o Poder Temporal
Havia entre os Judeus duas formas de poder – o espiritual e o temporal - ,
representados pelo Sumo-Sacerdote e pelo Rei. A relação entre estes dois
poderes caracterizava-se ora pela aliança, ora pela rivalidade, ora pela
supremacia de um sobre o outro. Os objectivos destes dois poderes eram
contraditórios: enquanto os objectivos da classe sacerdotal consistam em
preservar a identidade dos judeus, velando ferozmente pela pureza
doutrinária da sua religião, o objectivo da realeza consistia em alargar o
seu domínio territorial, integrando politicamente as populações vencidas.
Simplesmente, essa integração implicava a admissão no mesmo panteão
nacional dos deuses dos vencidos.
Funcionando como instrumento dos objectivos da classe sacerdotal, a
Bíblia conservou um carácter exclusivista que é, simultaneamente de
defesa de uma ortodoxia – a tradição Mosaica – e de ataque a tudo o que
lhe seja estranho. Símbolo desse exclusivismo é a velha máxima Bíblica:
“amarás o teu próximo, mas aborrecerás teu inimigo.” E inimigo, para o
judeu, era todo aquele que não fosse Judeu.
2.4 Características da Historiografia Judaica
O que fundamentalmente caracteriza a Historiografia Judaica é a sua
incapacidade em aceder a uma concepção universalista do homem. Tudo
se passa como se a História da nação Judaica fosse o contexto da História
Universal.;
Historiografia do século XIX (Romantismo, Positivismo, Historicismo,
Materialismo – Histórico)
1. Romantismo
Contexto: Surge em contestação à ideia do Iluminismo, segundo a qual a
Idade Média foi um período obscuro, de escuridão e sem nenhum avanço
científico. Desta forma, a época de barbarismo e superstição da Idade
Média, torna-se inteligível, sendo possível ver a totalidade da História
humana.
Características:
Olha para o passado com simpatia e procura encontrar nele a expressão
de realizações humanas, genuínas e válidas;
O passado passa a ser contemplado como representando uma forma de
sociedade com um valor próprio, um valor que o desenvolvimento da
civilização fez desaparecer;
Encontra um valor e um interesse, positivos, em civilizações muito
diferentes em relação à sua época;
Cultiva-se o gosto pelo passado, mas concebendo a história como um
progresso;
Considera os estágios do passado da história como responsáveis pela
ordem do presente. E, desta forma, a Idade média responsável pela
preparação do Iluminismo;
Olhavam para o passado com simpatia e admiração;
O âmbito do pensamento histórico foi alargado, começando os
historiadores a pensar em toda a história do homem.
Precursores: Herder, Rousseau, Kant, Schiller, Hegel.
Rousseau, filho do Iluminismo, através da reinterpretação dos princípios do
iluminismo veio a ser o pai do movimento romântico. Tendo chegado à
conclusão de que os governantes nada mais poderiam dar ao povo além
daquilo que o próprio povo estava disposto a aceitar. Rousseau considera
importante o déspota iluminado da concepção de Voltaire, a menos que
houvesse um povo iluminado.
2. Positivismo
Conceito: Doutrina filosófica que vigorou no século XIX, considerada
filosofia ao serviço das ciências da natureza, por considerar todas as
filosofias da história, como tratando-se de especulações sem fundamento.
Para o positivismo, todas as áreas do saber que não podem usar os
métodos das ciências da natureza para alcançar a verdade não podem ser
consideradas ciências.
Contexto: Para o positivismo, as ciências da natureza consistiam em duas
coisas: determinar os factos e estabelecer as leis. Segundo este princípio,
a determinação dos factos era apenas a primeira fase dum processo, cuja
segunda fase era a descoberta das leis.
Ora, em história é difícil, se não mesmo impossível determinar as leis do
funcionamento da sociedade, como se determina as leis da física ou da
Matemática. Por esta razão, os positivistas consideraram a história, que só
podia determinar os factos, não científica. Desta forma, os factos trazidos
à luz pela história passaram a não ter interesse – crise da história como
ciência.
Foi nesta situação que Augusto Comte exigiu que os factos fossem usados
como matéria prima de alguma coisa mais importante e mais
genuinamente interessante do que eles mesmos. Aceitando este princípio,
Comte propôs que se formasse uma nova ciência chamada sociologia, que
principiaria por descobrir os factos respeitantes à vida humana,
descobrindo posteriormente as conexões causais entre estes factos. O
primeiro trabalho, seria dos historiadores e, o segundo, do sociólogo.
Deste modo, o sociólogo seria uma espécie de super-historiador, fazendo
ascender a história à categoria de ciência.
Características:
Esta concepção teve como resultado:
O processo histórico passa a ser considerado como idêntico ao processo
natural, por isso, os métodos das ciências da natureza eram aplicáveis à
interpretação da história;
A tarefa do historiador passa ser determinar os factos usando o método
crítico;
Aumento da história pormenorizada, baseada do exame cuidadoso e
crítico das provas;
O ideal da história universal foi posto de lado, como um sonho vão, e o
ideal da literatura histórica transformou-se em monografia;
O campo total do historicamente cognoscível foi fragmentado numa
infinidade de factos diminutos, sendo cada um deles considerado
separadamente;
O ponto de vista do historiador é eliminado, não podendo emitir qualquer
juízo sobre os factos, devia dizer apenas o que eram.
3. Historicismo
Conceito: é uma doutrina filosófica dos fins do século XIX para se revoltar
contra o positivismo, que afirmava serem as ciências da natureza, as
únicas com um conhecimento que existia ou que podia existir sempre.
Esta revolta constitui uma tentativa de defender a história como uma
forma de conhecimento distinta das ciências e, contudo, legitimamente
válida.
Contexto:
O termo Historicismo foi empregue pela primeira vez em 1880, pelo
professor K. Werner, no seu livro. Ele dividiu o Historicismo em duas
formas:
Historicismo filosófico, que se resume na afirmação de que vida e a
realidade são história e não mais do que história – os fenómenos sociais e
humanos só são inteligíveis quando enquadrados nessa categoria.
Historicismo epistemológico – metodológico: recusa-se a ser directamente
uma concepção do mundo e pretende apenas afirmar-se contra o
naturalismo, é a favor da especificidade das ciências humanas e da
história.
Características:
Do historicismo dogmático:
· Procura sistematizar dogmaticamente, tal como providência, o progresso
ou a luta de classes e pretende mesmo explicar o futuro com base nesta
situação;
· Tende a relativizar tudo, sob o pretexto de que a história não fornece
qualquer certeza ou verdade.
Do historicismo epistemológico:
O estudo das realidades sociais não pode deixar de ser histórico, isto é, de
ter em conta o desenvolvimento histórico do povo particular a que
respeitam;
Além de descrever os factos a história passa, também, a emitir juízos de
beleza, bondade, utilidade, etc.
Consideram o facto histórico algo irrepetível
Defendem a relatividade da história, uma vez que o verdadeiro, o belo e o
bom não são eternos.
Precursores: K. Werner, R.G. Coolingwood, W. Puchta, G. Hugo, W. Dilthey
4. O Materialismo
Contexto:
Surge por volta de 1848, fruto da conjuntura europeia marcada por:
Expansão da primeira revolução industrial e do capitalismo;
Triunfo dos movimentos nacionalistas dos ideais autonomistas dos povos
do sindicalismo;
É desenvolvida por Marx, em oposição ao pensamento de Hegel. Enquanto
para Hegel era a lógica que determinava o modelo seguido história,
limitando-se a natureza a determinar o ambiente em que a história se
manifesta. Para Marx, a natureza era mais do que o ambiente da história,
era a fonte de que brotava o seu modelo. Para ele, não adiantava traçar
modelos a partir da lógica. Era a preferível traçar modelos a partir do
mundo da natureza.
Estes pressupostos conduzem a uma nova concepção da evolução da
evolução histórica, cujas premissas seriam as seguintes:
· A história das sociedades humanas revela uma sucessão de modos de
produção: esclavagismo, feudalismo e capitalismo;
· No seio da estrutura de cada modo de produção, a estrutura económica
impõe-se à super estrutura jurídica, política e ideológica, embora haja
acções e reações de todos esses factores. Numa perspectiva materialista a
história é globalizante
· A passagem de um modo de produção ao seguinte é suscitada pela
oposição, contradição existente – dialéctica, força motora da história;
· Do processo histórico extrai-se leis da evolução que permitem prever o
futuro da humanidade: eliminação da burguesia pelo proletariado e
estabelecimento de uma sociedade sem classes, sem Estado, em que o
homem alcançará a liberdade.
Precursores: Karl Marx e Frederich Engels