Batalha do Canal du Nord
Batalha do Canal du Nord | |||
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Primeira Guerra Mundial | |||
Data | 27 de Setembro a 1 de Outubro de 1918 | ||
Local | Canal du Nord, França | ||
Desfecho | Vitória dos Aliados | ||
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A Batalha do Canal du Nord foi uma batalha ocorrida no contexto da ofensiva dos Aliados contra posições alemãs na Frente Ocidental, durante a ofensiva dos Cem Dias na Primeira Guerra Mundial. A batalha teve lugar entre 27 de Setembro e 1 de Outubro de 1918 na zona do Canal du Nord, região francesa de Nord-Pas-de-Calais, perto de Cambrai. Para evitar o risco de ter um grande número de tropas alemãs contra um único ataque aliado, o assalto ao longo do Canal du Nord foi um dos vários ataques em sequência efectuados pelos Aliados na Frente Ocidental. Teve início um dia depois da Ofensiva Meuse-Argonne, um dia antes de uma ofensiva na região da Flanders, na Bélgica e dois dias antes da Batalha do Canal de St. Quentin.[1]
O ataque foi efectuado por tropas dos 1.º e 3.º Exércitos britânicos. Ambos os exércitos tinham o papel de dar continuidade ao avanço iniciado com a Batalha da Linha de Drocourt-Quéant, Batalha de Havrincourt e Batalha de Epehy. O 1.º Exército britânico tinha o objectivo de liderar a passagem do Canal du Nord e apoiar o flanco norte do 3.º Exército britânico à medida que ambos avançavam até Cambrai. O 3.º Exército tinha, adicionalmente, a tarefa de controlar o Escaut (Scheldt) Canal por forma a apoiar o 4.º Exército britânico durante a Batalha do Canal de St. Quentin.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]O assalto britânico na Linha de Drocourt-Quéant a 2 de Setembro de 1918, resultou numa penetração da frente alemã ao longo de 6400 m.[2] Várias formações alemãs da linha avançada foram de encontro às tropas britânica mas, à medida que estes avançavam, iam encontrando cada vez mais resistência dos regimentos germânicos (1.ª e 2.ª Divisões de Reserva de Guardas e 3.ª Divisão de Reserva).[2] Num esforço de controlar todas as pontes sobre o rio Sensée e o Canal du Nord, era suposto que o ataque britânico continuasse no dia seguinte.[2] Contudo, os alemães anteciparam o ataque britânico e retiraram-se ao longo de uma vasta frente.[2]
O Alto Comando alemão tinha dado ordens ao 17.ª Exército para retirar para uma posição atrás do rio Sensée e do Canal du Nord, na noite de 2 de Setembro, e ao 2.º Exército para se retirar para a Linha Hindenburg, na noite seguinte.[3] Mais a sul, os 18.º e 9.º Exércitos alemães deveriam seguir os mesmos passos das outras unidades, o que resultaria no abandono de todo o saliente conquistado na Ofensiva da Primavera, a 9 Setembro.[3] A norte, os 4.º e 6.º Exércitos retiraram-se entre Lens e Ypres, abandonando, sem qualquer combate, o saliente de Lys e os terrenos conquistados durante a Batalha de La Lys.[3]
Na manhã de 3 de Setembro, patrulhas aéreas britânicas informaram que não havia qualquer sinal de forças alemãs entre a colina de Ridge e o Canal du Nord.[2] Da mesma forma, o 3.º Exército britânico conseguiu ocupar as cidades de Quéant e Pronville sem combates, e observaram o recuo alemão.[2] À medida que as tropas britânicas avançavam de encontro à linha da frente alemã, depararam-se com uma forte defesa da margem leste do Canal du Nord e todas as pontes destruídas.[3] A única excepção era Palluel onde os alemães mantinham uma cabeça-de-ponte no lado ocidental do canal.[4]
A construção do Canal du Nord teve início em 1913 e o seu objectivo era ligar o rio Oise ao Canal Dunkirk-Scheldt. No entanto, com o início da Primeira Guerra Mundial, a construção foi suspensa, deixando várias partes por construir, incompletas.[5] Durante a sua retirada, os alemães danificaram toda a área ao longo do canal a norte de Sains-lès-Marquion, tornando-o virtualmente intransponível, inundando a zona, já de si um terreno pantanoso.[6] O único local por onde se conseguia passar era a sul onde uma pequena secção de 3700 m do canal entre Sains-lès-Marquion e Mœuvres se manteve quase sêca[7] O canal tinha 37 m de largura, com uma margem ocidental entre os 3 m e os 4,6 m de altura e uma margem oriental de 1,5 m.[6] Deste modo, o comandante do 1.º Exército britânico, general Henry Horne, foi forçado a cessar uma ofensiva em maior escala, até que se pudesse efectivar uma operação para controlar um caminho através do canal.[4]
Planos e preparativos
[editar | editar código-fonte]A 3 de Setembro, o Comandante Supremo dos Exércitos Aliados, Generalíssimo Ferdinand Foch, delineou o rumo a seguir da campanha de ofensiva aliada ao longo da Frente Ocidental.[8] Para evitar que uma força de reservas alemãs de grande dimensão atacasse um assalto pontual aliado, Foch concebeu um plano para uma ofensiva geral entre Verdun e a costa belga.[9] O plano estabelecia que os ataques aliados se efectuariam em quatro pontos separados na linha alemã, em quatro dias consecutivos.[10] O Grupo de Exército da Flandres, sob o comando do rei belga Alberto I, seria responsável pelas operações mais a norte atacando posições alemãs na Flandres, e seguindo para Gante e Bruges.[5] Os 1.º e 3.º Exércitos britânicos ficavam com a responsabilidade de atacar e atravessar o Canal du Nord, passar pela zona norte da Linha Hindenburg ecapturar a cidade de Cambrai, um centro crucial de comunicações e fornecimentos alemães.[11] O 4.º Exército britânicos e o 1.º Exército francês deveriam atacar os alemães ao longo do Canal de Saint-Quentin Canal num esforço para furar a Linha Hindenburg entre Holnon e Vendhuile.[12] A sul, o 1.º Exército dos Estados Unidos e o 4.º Exército francês dariam origem à Ofensiva Meuse-Argonne entre Reims e Verdun, ao longo do rio Meuse e através da Floresta de Argonne.[5]
O sistema defensivo alemão do The Canal du Nord era a última grande posição defensiva contra o 1.º Exército britânico.[11] Ainda assim, era era um obstáculo de difícil transposição pois os alemães tinham tomado medidas para integrar as obras inacabadas do canal no seu sistema defensivo.[6] Para além de terem tornado a travessia do canal tão difícil quanto possível, a norte de Mœuvres, uma pequena parte da Linha Hindenburg, a Linha do Canal du Nord, acompanhava a margem oriental do canal.[6] Um dos grandes braços da Linha de Suporte de Hindenburg atravessava o canal em Mœuvres e, deste modo, estava bem implementado no lado leste do canal a sul de Mœuvres. Esta linha era apoiada pela Linha Marquion-Cantaing que se estendia ao longo de um eixo, a 1,6 km a leste do canal e da Linha Marcoing situada a oeste de Cambrai.[6][13] O ataque ao Canal du Nord deveria ter início a 27 de Setembro de 1918, um dia depois da Ofensiva Meuse-Argonne, um dia antes da ofensiva na Flanders e dois dias antes da Batalha do Canal de St. Quentin Canal.[1]
O 1.º Exército britânico estava a operar num tipo de organização em que a sua principal tarefa era apoiar o flanco norte do 3.º Exército britânico. Este tinha a responsabilidade de controlar o Canal Escaut (Scheldt) de maneira a apoiar o 4.º Exército britânico durante a Batalha do Canal de St. Quentin. Na frente do 1.º Exército, estava o Corpo Canadiano que iria liderar o ataque, atravessando a parte seca do canal numa frente de 2500 m entre Sains-lès-Marquion e Mœuvres.[7] Uma vez no canal, o Corpo devia capturar a Linha Marquoin, as aldeias de Marquion e Bourlon.[7] Numa tentativa de desviar a atenção dos alemães sobre a localizaçao do ataque principal, o XXII Corpo recebeu ordens para atacar posições alemãs ao longo do Canal du Nord entre Sauchy-Lestrée e Palluel.[7] Da mesma forma, o VII Corpo e as forças restantes do XXII Corpo recebram instruções para efectuar pequenos ataques a norte do rio Scarpe para prevenir a movimentação das forças alemãs daquela zona para a área do ataque principal.[7] Se o Corpo Canadiano tivesse sucesso no seu avanço, o 3.º Exército britânico e os XVII, VI e IV Corpos deviam imediatamente apoiar o controlo das conquistas territoriais.
Batalha
[editar | editar código-fonte]Uma semana depois da elaboração do plano, Currie e Byng prepararam-se para o ataque. Foram enviadas duas divisões para sul, para atravessar o canal num ponto mais fácil, enquanto os engenheiros canadianos construiam pontes de madeira para o assalto.[14] Às At 5:20 h, na manhã do dia 27 de Setembro, todas as quatro divisões atacaram em plena escuridão, apanhando a 1.ª Divisão de Guardas de Reserva alemã e a 3.ª Divisão Naval alemã de surpresa.[15] A meio da manhã, todas as defesas germânicas tinham retirado ou feitas prisioneiras. Com a captura do Canal du Nord, foi aberta uma via para Cambrai.
O ataque britânico foi apoiado a sul pelo 1.º Exército francês durante a Batalha de Saint Quentin (em francês: Bataille de Saint-Quentin). Este ataque foi secundário, e só teve início depois do Corpo Canadiano ter penetradona defesa alemã ao longo do canal.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Edmonds, James (1947), Military Operations. France and Belgium, 1918. Vol V. 26 September-11 November. The Advance to Victory, London: Imperial War Museum and Battery Press
- Farr, Don (2007), The Silent General: A Biography of Haig's Trusted Great War Comrade-in-Arms, ISBN 1-874622-99-X, Solihull: Helion & Company Limited
- Nicholson, Gerald W. L. (1962), Official History of the Canadian Army in the First World War: Canadian Expeditionary Force 1914–1919 (PDF), Ottawa: Queen's Printer and Controller of Stationary, consultado em 27 de junho de 2011
- Travers, Timothy (1992), How the War Was Won Command and Technology in the British Army on the Western Front: 1917-1918, ISBN 0-415-07628-5, London: Routledge
- Tucker, Spencer, ed. (1996), The European powers in the First World War: an encyclopedia, ISBN 0-8153-0399-8, New York: Garland Publishing
- Zuehlke, Mark (2006), Canadian Military Atlas: Four Centuries of Conflict from New France to Kosovo, ISBN 1-55365-209-6, Toronto: Douglas & McIntyre Publishers
Referências
- ↑ a b Tucker 1996, pp. 421–422.
- ↑ a b c d e f Nicholson 1962, p. 438.
- ↑ a b c d Nicholson 1962, p. 440.
- ↑ a b Farr 2007, p. 207.
- ↑ a b c Nicholson 1962, p. 442.
- ↑ a b c d e Farr 2007, p. 211.
- ↑ a b c d e Farr 2007, p. 212.
- ↑ Nicholson 1962, p. 441.
- ↑ Nicholson 1962, pp. 441–442.
- ↑ Nicholson 1962, p. 441-442.
- ↑ a b Farr 2007, p. 209.
- ↑ & Neiberg, p. 167.
- ↑ Edmonds 1947, p. 46.
- ↑ Berton, Pierre, Marching as to War, Berton Books, 2001
- ↑ Livesay, John Frederick Bligh (1919). Canada's Hundred Days: with the Canadian Corps from Amiens to Mons, Aug. 8—Nov. 11, 1918. Toronto: Thomas Allen. p.217