Claire Lacombe
Claire Lacombe | |
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Nascimento | 4 de março de 1765 Pamiers |
Morte | 2 de maio de 1826 (61 anos) former 12th arrondissement of Paris |
Cidadania | França |
Ocupação | revolucionária, atriz de teatro, política |
Claire Lacombe (4 de agosto de 1765-1809?), foi uma atriz em sua juventude, porém ficou mais conhecida por suas contribuições à Revolução Francesa. Embora apenas por alguns poucos anos, Lacombe foi uma revolucionária e uma das fundadoras da Sociedade das Republicanas Revolucionárias.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Lacombe nasceu na comuna de Pamiers, sudoeste da França. Tornou-se atriz muito jovem, e participou de produções teatrais nas províncias antes de chegar à Paris em 1792. Não chegou a fazer grande sucesso no teatro, nem estava inteiramente satisfeita com sua vida. A companhia teatral para a qual ela trabalhava apresentava-se de cidade em cidade, e às vezes nos castelos e casas de campo dos aristocratas. Isto provavelmente influenciou sua decisão de deixar a companhia e tornar-se uma revolucionária.
De acordo com o historiador Daniel Gomes de Carvalho, é descrita pela documentação como "uma mulher de cerca de um metro e meio, rosto e queixo arredondados, olhos, cabelos e sobrancelhas castanhos."[1]
Vida revolucionária
[editar | editar código-fonte]Em Paris durante a Jornada de 10 de Agosto de 1792, Lacombe combateu ao lado dos rebeldes no ataque ao Palácio das Tulherias. Ela levou um tiro no braço mas continuou lutando, conquistando o epíteto de "Heroína do Dez de Agosto". Por sua bravura, ela recebeu uma "coroa cívica" dos fédérés vitoriosos.[2]
Lacombe tornou-se uma frequentadora assídua das reuniões no Clube dos Cordeliers, através das quais envolveu-se com os elementos mais radicais da Revolução. Em julho de 1792, Claire Lacombe fez um discurso para a Assembleia de deputados da França em que dizia: "francesa, artista e sem lugar. Esta sou eu (...). Nascida da coragem de uma romana e com o ódio contra os tiranos, me sentirei orgulhosa de contribuir para que eles sejam destruídos. Morte aos déspotas, até o último deles! Pérfidos escravos de Nero e Calígula!"[1]
Ainda em 1792, Lacombe participou do ataque ao Palácio das Tulherias junto aos sans-cullotes. Frequentou ainda os encontros do Clube dos Jacobinos e também integrou a Sociedade Fraternal dos Patriotas de Ambos os Sexos.[1]
Em fevereiro de 1793, Lacombe e outra revolucionária, Pauline Léon, fundaram a Sociedade das Republicanas Revolucionárias.[3][4][5] Composta principalmente por mulheres da classe trabalhadora, a Sociedade agregou-se aos militantes sans-culottes e enragés mais radicais.[3] Funcionavam parte como um grupo de combate entre as feirantes de Paris, e empregavam táticas violentas para erradicar antirrevolucionários.[6] A Sociedade foi fechada pelos jacobinos em 30 de outubro de 1793. De acordo com o historiador Daniel Gomes de Carvalho, os jacobinos argumentaram que as mulheres republicanas estariam envolvidas com os 'enraivecidos', considerados muito radicais, além de entenderem-nas como sem aptidão para a atividade política.[1]
Apesar do arraigado chauvinismo vigente em sua época, Lacombe conheceu uns poucos revolucionários que lutavam pelos direitos das mulheres. Um deles foi Théophile Leclerc, com o qual coabitou por algum tempo – até que ele a deixou para casar-se com Pauline Léon.[7]
Sob a vigência do Terror, os enragés foram suprimidos juntamente com a maioria dos outros grupos extremistas, incluindo a Sociedade das Republicanas Revolucionárias. O grupo de Lacombe tornara-se tão notório que a a Convenção baniu especificamente organizações femininas (30 de outubro de 1793).[6]
Impedida de exercer qualquer atividade política, Lacombe cogitou retornar à carreira artística. Em abril de 1794 foi presa quando se preparava para ir a um teatro em Dunquerque.[7]
Finalmente, Lacombe foi libertada em 20 de agosto de 1795[8]. Ela passou a faze parte de um grupo de artistas de Nantes e continuou se correspondendo com seus amigos de Paris por mais três anos. No ano de 1798 estava de volta à capital francesa e não se sabe o que houve com ela depois dessa data. Há um registro de seu nome no Hospital Salpêtrière no an ode 1821, onde ela é descrita como "louca"[1]
Referências
- ↑ a b c d e Carvalho, Daniel Gomes de (9 de março de 2022). Revolução Francesa. Col: Temas de história na universidade. São Paulo, SP: Editora Contexto
- ↑ Godineau, p. 111.
- ↑ a b Fremont-Barnes, p. 385.
- ↑ Kelly, p. 102–103.
- ↑ Sokolnikova, pp. 145ff.
- ↑ a b Doyle, p. 420.
- ↑ a b Uglow, p. 309.
- ↑ Léopold Lacour, Les origines du féminisme contemporain : Olympe de Gouges, Théroigne de Méricourt, Rose Lacombe, 1900, p.413-414.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Doyle, William (1990). The Oxford History of the French Revolution (em inglês) 2 ed. Oxford; Nova York: Oxford University Press. ISBN 9780199252985
- Kelly, Linda (1987). Women of the French Revolution (em inglês). Londres: Hamish Hamilton. ISBN 978-0-241-12112-2
- Fremont-Barnes, Gregory (2007). Encyclopedia of the age of political revolutions and new ideologies, 1760-1815 (em inglês). [S.l.]: Greenwood Publishing Group. ISBN 978-0-313-33445-0. Consultado em 8 de março de 2014
- Godineau, Dominique (1998). The Women of Paris and Their French Revolution (em inglês). Berkeley: University of California Press. ISBN 978-0-520-06718-9
- Sokolnikova, Galina (1969). Nine Women Drawn from the Epoch of the French Revolution (em inglês). Freeport, NY: Books for Libraries Press. ISBN 978-0-8369-1314-9. Consultado em 8 de março de 2014
- Uglow, Jennifer S.; Hinton, Frances; Hendry, Maggy, ed. (1999). The Northeastern Dictionary of Women's Biography (em inglês). Lebanon, NH: Northeastern University Press. ISBN 9781555534219. Consultado em 8 de março de 2014