Revolução Belga
Revolução Belga | |||||||
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Parte de Revoluções de 1830 | |||||||
Episódio da revolução belga de 1830, Gustaf Wappers (1834), ( Museu de Arte Moderna, em Bruxelas). | |||||||
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Participantes do conflito | |||||||
Rebeldes Belgas Apoiado por: |
Países Baixos | ||||||
Líderes | |||||||
Charles Rogier Erasme Louis Surlet de Chokier Luís Filipe I Étienne Maurice Gérard |
Guilherme I dos Países Baixos Príncipe Guilherme II Príncipe Frederico | ||||||
Forças | |||||||
Desconhecido 60 000 |
50 000 | ||||||
Baixas | |||||||
Desconhecidas | Desconhecidas |
A Revolução Belga foi o conflito que levou à secessão das províncias do sul do Reino Unido dos Países Baixos e estabeleceu o independente Reino da Bélgica.
A revolução belga de 1830 fez os habitantes das províncias do sul do Reino dos Países Baixos rebelarem-se contra a hegemonia das províncias do norte, principalmente protestantes. Grande parte da população do sul eram católicos romanos, de língua francesa, ou liberais, que consideravam o governo do rei Guilherme I como despótico. Houve altos níveis de desemprego e inquietação industrial entre as classes trabalhadoras. Dentro de algumas semanas de agosto e setembro resultou-se a revolta e secessão de Flandres, Valônia e a formação da Bélgica. Apenas parte de Luxemburgo permaneceu até 1890, em união pessoal com o Reino Unido dos Países Baixos.[1]
Do século XIV ao século XVI, o norte e o sul se uniram e compartilharam a mesma história, primeiramente como Países Baixos Borgonheses e mais tarde como Países Baixos Espanhóis. Durante a Reforma Protestante e a Guerra dos Oitenta Anos, sete províncias se tornaram independentes do Império Espanhol, formando a República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos. Em 1815, após o Congresso de Viena, o norte e o sul se reuniram com o Principado de Liege. As divisões religiosas, linguísticas e econômicas que ocorreram durante os cerca de 250 anos de distância logo se tornaram claras.
Em 25 de agosto de 1830, ocorreram distúrbios em Bruxelas e lojas são saqueadas. Levantes seguiram no resto do país. Fábricas foram ocupadas e as máquinas destruídas. A ordem foi restabelecida brevemente depois que as tropas de Guilherme comprometidas com as províncias do sul, mas contínuos distúrbios e a liderança foi tomada pelos elementos mais radicais, que começaram a falar de secessão.[1]
A batalha ocorreu em Bruxelas. Os canhões foram disparados no Parque Warande. As tropas holandesas foram forçadas a retirar por causa de deserção em massa de recrutas das províncias do sul, enquanto os Estados-gerais em Bruxelas, votaram a favor da secessão e declararam independência. Como consequência, o Congresso Nacional se reuniu e Guilherme absteve-se de uma ação militar futura e apelou para as grandes potências. O resultado foi a Conferência de Londres em que as grandes potências europeias reconheceram a independência da Bélgica. Após a instalação de Leopoldo I como "Rei dos Belgas", em 1831, o Rei Guilherme fez uma tardia tentativa militar para reconquistar a Bélgica e restaurar a sua posição através de uma campanha militar. Esta Campanha dos Dez Dias fracassou como resultado de uma intervenção militar francesa. Os holandeses aceitaram a decisão da Conferência de Londres e a independência da Bélgica, assinando o Tratado de Londres.
Contexto
[editar | editar código-fonte]Reino Unido dos Países Baixos
[editar | editar código-fonte]Após a Batalha de Leipzig, o exército francês de Napoleão recua ao leste do rio Reno. As terras do Reino da Holanda, previamente anexadas ao Primeiro Império Francês, agora eram controladas por Guilherme I dos Países Baixos. Durante o Congresso de Viena em 1815, Guilherme I, da Casa de Orange-Nassau, declara o Reino Unido dos Países Baixos com o suporte do Império Britânico.[2]
Divisões sociais, econômicas e políticas entre o norte e o sul
[editar | editar código-fonte]O novo país era dividido: no norte, a maioria era protestante e falava neerlandês (holandês), uma língua germânica; No sul do país, a população era católica e falavam ou um dialeto da língua neerlandesa, o flamengo, ou o francês, além de uma minoria que fala alemão.
A representação da população belga era menor comparada com os neerlandeses. Além disso, a comunidade católica não aprovava o rei, que era protestante. Por isso, católicos e liberais da Bélgica se uniram em 1828 para uma união de suas motivações políticas.[3]
Em 1823, houve uma tentativa de forçar a língua neerlandesa no sul dos Países Baixos, sendo resistida pela população belga. Em 1830, a reforma foi abolida.[4]
Independência
[editar | editar código-fonte]Ascensão de Leopoldo I da Bélgica
[editar | editar código-fonte]Em novembro de 1830, o Congresso Nacional da Bélgica foi estabelecido para criar e escrever a constituição do novo estado. O Congresso decidiu que a Bélgica seria uma monarquia constitucional popular. Em 7 de Fevereiro de 1831, a Constituição da Bélgica foi aprovada. Entretanto, ainda não havia um verdadeiro rei sentado no trono belga.
Até então um príncipe do reino de Saxe-Coburgo-Gota, Leopoldo foi convidado pelo Congresso para se tornar rei da Bélgica, fazendo o seu juramento ao trono no dia 21 de julho de 1831. O dia 21 de julho se tornou, desde então, o dia nacional da Bélgica.[5]
Os países europeus e uma Bélgica independente
[editar | editar código-fonte]Em 20 de Dezembro de 1830 ocorre a Conferência de Londres de 1830, onde representantes diplomáticos de cinco países se reuniram: A Áustria, a França, o Reino Unido, a Prússia, e a Rússia. Inicialmente, houve discordâncias sobre uma Bélgica independente. A França, tomada por liberais em um período conhecido como a Monarquia de Julho, apoiava a independência da Bélgica, enquanto as outras nações apoiavam o status quo na Europa — as Guerras Napoleônicas ainda estavam na memória dos europeus. Nesta conferência, uma das soluções propostas foi a do embaixador francês, Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, conhecida como o plano de partição de Talleyrand. O plano foi rejeitado pelos outros países.
Pós-independência
[editar | editar código-fonte]Campanha dos Dez dias
[editar | editar código-fonte]Guilherme II não ficou satisfeito com o encontro em Londres e não aceitava a independência da Bélgica, pois dividia seu reino e afetava o tesouro do seu país. Entre 2 de agosto a 12 de agosto de 1831, inicialmente tendo sucesso contra as forças belgas em Hasselt e Leuven. Apenas com a aparição das forças francesas, sob Étienne Gérard, que as forças neerlandesas pararam de avançar sobre a Bélgica. O rei Guilherme II foi forçado, eventualmente, a assinar o Tratado de Londres.
Tratado de Londres de 1839
[editar | editar código-fonte]Em 19 de Abril de 1839, as nações da Europa, incluindo os Países Baixos, reconheceram a independência e neutralidade da Bélgica, sendo composta pelas regiões de Flandres Ocidental, Flandres Oriental, Brabante Valão e Brabante Flamengo, a Antuérpia, Limburgo, Hainaut, Liège, além de partes de Luxemburgo e Namur.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b Schroeder, Paul W. (1994). The Transformation of European Politics 1763-1848 (em inglês). [S.l.]: Clarendon Press. pp. 97–671. ISBN 978-0198221197
- ↑ Blom, J. C. H. (2006). History of the Low Countries (em inglês). [S.l.]: Berghahn Books. p. 306. 516 páginas. ISBN 9781845452728
- ↑ «The Belgian Period» (em inglês). belgium.be. Consultado em 21 de julho de 2017
- ↑ Jacques Logie (1980). De la régionalisation à l'indépendance, 1830 (em francês). Paris: [s.n.] p. 21. ISBN 9782801103326
- ↑ «National Day and feast days of Communities and Regions» (em inglês). belgium.be. Consultado em 1 de Setembro de 2017
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Johannes Koll (Hrsg.): Nationale Bewegungen in Belgien. Ein historischer Überblick. Niederlande-Studien. Bd 37. Münster 2005. ISBN 3-8309-1465-2.
- Dieter Langewiesche: Europa zwischen Restauration und Revolution 1815–1849. Oldenbourg Grundriss der Geschichte. Bd 13. 4ª edición. Múnich 2004. ISBN 3-486-49764-2.
- Gordon A. Craig: Geschichte Europas 1815–1980. 3ª edición 1989. ISBN 3-406-09567-4.
- Wolfgang Heuser: Kein Krieg in Europa. Die Rolle Preußens im Kreis der europäischen Mächte bei der Entstehung des belgischen Staates (1830–1839). Reihe Geschichtswissenschaft. Bd 30. Pfaffenweiler 1992. ISBN 3-89085-775-2.
- Robert Demoulin: La Révolution de 1830. Bruselas 1950.
- Robert Demoulin: L’influence française sur la naissance de l’Etat belge. In: Revue historique. Alcan, París 223.1960, pp. 13–28.
- Rolf Falter: Achtiendertig, de scheiding van Nederland, België en Luxemburg. Tielt 2005. ISBN 90-209-5836-4.
- J. S. Fishman: Diplomacy and revolution, the London conference of 1830 and the Belgian revolt. Amsterdam 1988. ISBN 90-5068-003-8
- Hermann Theodor Colenbrander: Gedenkstukken der Algemeene Geschiedenis van Nederland van 1795 tot 1840. s’Gravenhage 1905 ff. (en particular el volumen de la Serie D.9: Regeering van Wilhelm I. 1825–1830 und D.10: Regeering van Wilhelm I. 1830–1840).
- Verstolk van Soelen: Recueil de pièces diplomatiques relatives aux affaires de la Hollande et de la Belgique. La Haya 1831–1833.
- Dokumente der Geschichte Belgiens. Bd 2. Belgien der Neuzeit. Von 1830 bis heute. „Ideen und Studien“. Nr. 109, 1978. Hrsg. v. Ministerium für Auswärtige Abgelegenheiten und Entwicklungszusammenarbeit. Bruselas 1978.