Escola de Mecânica da Armada
Museu e Sítio de Memória ESMA – Antigo centro de detenção, tortura e extermínio clandestino ★
| |
---|---|
Edifício-sede da Escola de Mecânica da Armada. | |
Tipo | Cultural |
Critérios | (vi) |
Referência | 1681 en fr es |
Região ♦ | América Latina e o Caribe |
País | Argentina |
Coordenadas | 34° 32′ 18,24″ S, 58° 27′ 48,96″ O |
Histórico de inscrição | |
Inscrição | 2023 |
★ Nome usado na lista do Património Mundial ♦ Região segundo a classificação pela UNESCO |
A Escola de Mecânica da Armada, anteriormente Escola Superior de Mecânica da Armada – ESMA, é uma unidade da Marinha da Argentina, destinada à formação de suboficiais especialistas em mecânica e engenharia de navegação.
A partir de 2005 foi instalada em Porto Belgrano, a 28 quilômetros de Bahía Blanca. A sua sede anterior situada na esquina da Avenida do Libertador com a Avenida Santiago Calzadilla, na cidade de Buenos Aires, foi o mais emblemático centro clandestino de detenção durante a ditadura militar (1976-1983).[1]
Tornou-se o maior e mais ativo dos Centros clandestinos de detenção e tortura utilizados pela repressão argentina, por onde passaram mais de 5000 presos, posteriormente, desaparecidos.
Fechado após o retorno da democracia, em 2004 foi convertido pela Lei nº 1.412, de 5 de agosto desse ano, em centro de memória para recordar a repressão, o terrorismo de estado e promover o respeito aos Direitos Humanos.
Centro Clandestino de Detenção
[editar | editar código-fonte]Os opositores do regime presos clandestinamente na ESMA, após serem interrogados e torturados, mais de 90% deles foram assassinados, na maior parte sedados e jogados no Rio da Prata, outros fuzilados ou mortos sob tortura, incinerados e enterrados próximo ao campo de desportos do prédio.
No Centro Clandestino de Detenção-CCD funcionavam dois grupos-tarefa, o 333, a serviço do SIN (Serviço de Inteligência Naval) e o 332, da Marinha, encarregado da zona norte da Grande Buenos Aires e da Capital Federal, este dirigido pelo contra-almirante Rubén Jacinto Chamorro, auxiliado pelo capitão Jorge Eduardo Acosta (el Tigre).
Atuaram nesse local 120 assassinos e torturadores, entre os quais Alfredo Astiz, Ricardo Miguel Cavallo e Adolfo Scilingo, que dependiam indiretamente do comandante da Marinha, almirante Emilio Eduardo Massera.
As imagens “roubadas” por Víctor Melchor Basterra revelam o terror: são fotos onde homens e mulheres aparecem em algum momento de sua trajetória no centro clandestino da Esma. Anos depois, na província de Córdoba, por meio de um mandado judicial expedido por delitos de lesa-humanidade, descobriu-se um grande acervo fotográfico da Polícia de Córdoba. Dentro desse acervo, foram encontradas as imagens que compunham o “Registro de Extremistas”, que consiste em um livro de registros policiais onde se consignavam nome, data de detenção e número de negativo das fotos de mais de 10 mil detidos, desde o início da década de 1960 até o final dos anos 1970. Essas fotos têm a peculiaridade de terem sido feitas, em sua maioria, dentro do Centro Clandestino de Detenção D2. Atualmente, em termos gerais, podemos dizer que servem para restituir: justiça, identidades, relatos, períodos históricos. [2]
Referências
- ↑ Armada admitió que la ESMA fue "un símbolo de barbarie" Arquivado em 9 de julho de 2015, no Wayback Machine. Terra, 3 de março de 2004.
- ↑ Catela, Ludmila da Silva (5 de abril de 2012). «Todos temos um retrato: indivíduo, fotografia e memória no contexto do desaparecimento de pessoas». Topoi (Rio de Janeiro): 111–123. ISSN 1518-3319. doi:10.1590/2237-101X013024008. Consultado em 28 de fevereiro de 2024