Francisco Pereira Coutinho
Francisco Pereira Coutinho | |
---|---|
Morte | 1547 Praia de Cacha-Prego |
Francisco Pereira Coutinho (Portugal, 14?? - Itaparica, BA, 1547) foi um fidalgo português.
Em função das suas rudes experiências e atividades em lutas, na expansão dos domínios portugueses, na África e Índia[1], em que se mostrou exemplo de obstinação e rigidez, ganhou a alcunha de "Rusticão". Ele era fidalgo da Casa Real, filho de Afonso Pereira, alcaide-mor de Santarém, e de D. Catarina Coutinho, filha bastarda de D. Gonçalo Coutinho, 2.º conde de Marialva[2]. Francisco Pereira Coutinho foi capitão da armada de Cristóvão de Brito (1514)[3].
Tendo recebido de D. João III a Capitania da Baía de Todos os Santos em 1534, chegou ao litoral da Bahia, no Brasil, em 1536, tendo conhecido Diogo Álvares, o "Caramuru", que vivia naquela região já há algum tempo. Foi acusado de herege e infiel às ordens da coroa portuguesa[4].
Fundou o Arraial do Pereira, nas imediações onde hoje está a Ladeira da Barra, em Salvador. Este arraial, doze anos depois, à época da fundação da cidade, foi chamado de Vila Velha. Conflitos entre os colonos e os indígenas lhe fizeram perder forças, e por fim, João Bezerra lhe apresentou um falso alvará que o destituía como donatário, forçando-o a abandonar a capitania[5], indo refugiar-se em Porto Seguro, com Diogo Álvares.
Um ano mais tarde, no retorno a embarcação em que viajavam foi danificada nos traiçoeiros recifes de pinaúnas na parte sul da ilha de Itaparica, de onde os náufragos conseguiram atingir a praia, sendo todos, a seguir, capturados pelos indígenas tupinambás. Tendo o Caramuru sido libertado, Pereira Coutinho foi devorado numa festa antropofágica, após ser imobilizado e executado por uma borduna empunhada por uma criança cujo irmão fora morto pelo donatário.
Pereira Coutinho deixou descendência em Portugal. Após a sua morte, o seu filho quis ocupar o seu lugar como Capitão-donatário, o que a Coroa Portuguesa não autorizou, dando lugar a um conflito que acabou sendo resolvido com a concessão do morgado do juro real da Redízima da Baía. A 11ª senhora deste morgadio, D. Ana Felícia Coutinho Pereira de Sousa Tavares da Horta Amado e Cerveira veio a casar com José de Seabra da Silva, sendo pais de Manuel Maria da Piedade Coutinho Pereira, 1º Visconde da Bahia, de juro e herdade (1796) e 1º Conde da Bahia (1833).
Toda a ascendência de Francisco Pereira Coutinho e de seus descendentes, até ao primeiro Conde da Bahia e Visconde da Bahia foi publicada por seus descendentes Nuno Gorjão-Henriques e Miguel Gorjão-Henriques (2 vols.), Lisboa: 2006.
Referências
- ↑ Salvador, Frei Vicente do. História do Brasil. 5ª ed. São Paulo, Melhoramentos, p.119 apud Faoro, Raymundo. Os Donos do Poder, vol. 1. São Paulo, Publifolha, 2000, p.160.
- ↑ LACERDA, Teresa (2006). Os capitães das armadas da Índia no reinado de d. Manuel I – uma análise social. Lisboa: Dissertação (Mestrado em História), Universidade Nova de Lisboa. p. 206
- ↑ LACERDA, Teresa (2006). Os capitães das armadas da Índia no reinado de d. Manuel I – uma análise social. Lisboa: Dissertação (Mestrado em História), Universidade Nova de Lisboa. p. 206
- ↑ Faoro, Raymundo. Os Donos do Poder, vol. 1. São Paulo, Publifolha, 2000,p.162.
- ↑ Psychiatry on line Brasil - História da Psiquiatria: O PRIMEIRO "LOUCO" BRASILEIRO - Walmor J. Piccinini (Dezembro de 2015 - Vol.20 - Nº 12)