Joaquim José Coelho de Carvalho
Joaquim José Coelho de Carvalho | |
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Nascimento | 14 de junho de 1855 Tavira |
Morte | 18 de julho de 1934 (79 anos) Ferragudo, Lagoa |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Jurista e Reitor |
Joaquim José Coelho de Carvalho (Tavira, 14 de Junho de 1855 - Ferragudo, 18 de Julho de 1934) foi um escritor, professor e diplomata português. [1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Formado na Universidade de Coimbra, da qual foi reitor em 1919, foi também Presidente da Academia das Ciências, exerceu as funções de Cônsul de Portugal em Xangai e em Huelva entre 1919 e 1922 e neste período realizou uma série de estudos de história da arte e de história política onde confrontou as culturas estrangeiras e a cultura portuguesa. Veio a falecer com 79 anos, no ano de 1934, em Ferragudo, no concelho de Lagoa.
Vida e obra
[editar | editar código-fonte]Em Ervas, uma coletânea de textos líricos e lírico-dramáticos que é integrada no volume Versos que recolhe também O Cântico dos Cânticos predomina não só uma certa sensibilidade e naturalidade estética, mas também uma hesitante denúncia da miséria social envolta numa idealização sentimental e num cuidado religioso. Em certos poemas, o próprio faz a oposição cristianismo versus natureza, em que é notável o caráter religioso e a importância da religião na poética de Joaquim Carvalho.
Coelho de Carvalho é inspirado por Cesário Verde na sua composição de Ervas, um tipo de poesia afim dos textos paradigmáticos do amigo, tal é evidente na construção de poemas narrativo-descritivos, nomeadamente em A Merenda e na abertura e fecho de Impressões, por sua vez dedicada a Eça de Queirós. Demonstrando novamente a sua afinidade com Cesário, Joaquim Carvalho exprime uma repulsa pela cidade e uma clara influência impressionista.
No século XX, o reitor da Universidade de Coimbra evidencia-se como dramaturgo e como tradutor de obras estrangeiras de autores como Ésquilo, Shakespeare e Moliére. As suas peças de teatro eram controvérsas, pois retratavam acontecimentos que na época não eram bem aceites pela sociedade fechada e conservadora em Portugal, temos como exemplo: Casamento de Conveniência, contra o casamento tradicional e a favor do divórcio; O Filho Doutor, uma clara crítica ao ensino coimbrão; Infelicidade Legal, de novo contra o casamento tradicional e a favor do amor livre e, por fim, A Ponte, um drama acerca do conflito de classes. O teatro do escritor exalta-se através do protesto social, da promoção cultural e da autenticidade ética, para além disto também demonstra um espírito anticlerical (contrário ao demonstrado na sua obra poética), imensa emoção e ênfase verbal. O seu modelo de escrita dramática foi calorosamente elogiado pelo crítico de teatro Joaquim Madureira e por João de Barros, o escritor mais representativo do neo-romantismo vitalista e jacobino do primeiro quartel do século XX. Daí Coelho de Carvalho também ter sido influenciado por esta corrente, no opúsculo (folheto sobre artes e ciência) O Vitalismo da Arte (Carta ao poeta Augusto Gil) publicado em 1905 .
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Literária: [2]
- 1875 - Generalização da História do Direito Romano
- 1888 - Viagens (Cartas e notas destinadas a Cesário Verde)
- 1909 - A Língua e a Arte em Portugal
- 1910 - Prosódia e Ortografia
- 1929 - Painéis Atribuídos a Nuno Gonçalves
- 1878 - O Cântico dos Cânticos
- 1904- Casamento de Conveniência
- 1908 - A Eneida de Virgílio lida hoje
- 1906- O Filho Doutor
- 1911 - A Infelicidade Legal (peça em quatro actos, estreada no Teatro Nacional em 22 de Abril de 1911)
- 1918 - D. Pedro I
- 1911- A Ponte
- 1926 - O Gran-Doutor (tragicomédia num prólogo e cinco jornadas andadas em Coimbra nos finais do século XVII)
- 1931 - Máscaras Abaixo…(Carta [em verso] a Sua Excelência, O Senhor General Óscar Carmona)
Referências
[editar | editar código-fonte]- Aranha, B. (1885). Diccionario Bibliographico Portuguez. Lisboa, Portugal: Publicações Europa- América, Lda.
- ↑ Marreiros, Glória Maria (2000). Quem foi quem? 200 algarvios do século XX. Lisboa: Edições Colibri. p. 139. ISBN 972-772-192-3
- ↑ «Biblioteca Nacional de Portugal - Obras de Joaquim José Coelho de Carvalho». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 14 de dezembro de 2021