Juvenal de Jerusalém
Juvenal de Jerusalém | |
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Nascimento | século IV |
Morte | 2 de julho de 458 |
Cidadania | Império Bizantino |
Ocupação | presbítero, presbítero ortodoxo |
Religião | cristianismo ortodoxo |
Juvenal de Jerusalém (em grego: Άγιος Ιουβενάλιος) foi um bispo de Jerusalém a partir de 422. Em 451, quando a sé de Jerusalém foi reconhecida como um patriarcado pelo Concílio de Calcedônia, ele se tornou o primeiro patriarca de Jerusalém, ocupando o cargo até a sua morte, em 458.
Ele é considerado um santo em setores da Igreja Ortodoxa, mas não no ocidente.
Vida e obras
[editar | editar código-fonte]Juvenal queria transformar Jerusalém em uma sé patriarcal através da demoção da sé metropolitana de Cesareia Marítima e do patriarcado de Antioquia. Um amigo pessoal de Nestório, com quem provavelmente compartilhava suas visões, Juvenal, em 431, tomou o partido de Cirilo de Alexandria contra o antigo amigo no Primeiro Concílio de Éfeso, argumentando que ele deveria ter aprendido a doutrina da "sé apostólica de Jerusalém" e contava com Cirilo para ajudá-lo a elevar Jerusalém ao nível de patriarcado independente[1]. Cirilo chegou a escrever uma carta ao papa Leão I - que era então arquidiácono em Roma - reclamando sobre o oportunismo de Juvenal[2].
Com a morte de Cirilo, Juvenal, tentando conseguir apoio para sua empreitada, se tornou monofisista e foi um dos líderes do Segundo Concílio de Éfeso, que defendeu a doutrina[3][1]. Este concílio, chamado de Latrocínio de Éfeso, foi considerado como tal por diversas razões: Flaviano de Constantinopla (r. 446-449) foi assassinado ali por defender sua visão ortodoxa sobre as naturezas de Jesus. O papa Leão I (r. 440-461) foi excomungado por ter condenado o monofisismo e, por fim, Dono II de Antioquia (r. 442-449) foi deposto por ser amigo de Nestório. O concílio terminou aprovando a tese monofisista, mesmo com a maioria dos bispos presentes discordando e sendo obrigados a assinar pela força dos soldados presentes. Juvenal se aproveitou o quanto pode para desmoralizar a sé de Antioquia, uma rival às suas ambições[1].
Dois anos depois, no Concílio de Calcedônia, seu comportamento entrou na pauta para ser julgado. Temendo uma punição, Juvenal devolveu à sé de Antioquia as dioceses da Arábia e da Fenícia, que ele havia tomado em 449.[1] Os bispos ali presentes foram convencidos pelo ato e, após um pedido formal de desculpas, uma confissão de fé ortodoxa e o voto favorável à condenação de Dióscoro de Alexandria, o principal líder monofisista e patriarca de Alexandria, o concílio finalmente concedeu o que Juvenal tanto queria: o reconhecimento de Jerusalém como uma sé patriarcal, com domínio sobre toda a Palestina[1]. Quando ele retornou, porém, monges favoráveis a Dióscoro (monofisistas) se revoltaram abertamente e foi apenas com ajuda do exército imperial que ele conseguiu retomar seu posto[4]. Ironicamente, neste período, um bispo monofisista foi eleito para o trono da cidade, um tal Teodósio[1].
Finalmente, depois que Juvenal conseguiu o que queria, Leão escreveu diretamente para ele e se alegrou ao vê-lo de volta à ortodoxia[5].
Durante o seu patriarcado, diversas igrejas foram construídas, incluindo uma sobre o túmulo de Maria, no Getsêmani, e outra em Betesda[1].
Relíquias
[editar | editar código-fonte]João Damasceno, pregando na festa da Assunção de Maria no Getsemani, relembra que, de acordo com a "História Eutimiana" III, xl (escrito provavelmente por Cirilo de Citópolis no século V), Juvenal de Jerusalém enviou para Constantinopla, em 452, por ordem do imperador Marciano e de Pulquéria, sua esposa, o "Manto da Virgem", que estava guardado numa igreja no local[6]. A relíquia passou a ser desde então venerada na cidade, na Igreja de Santa Maria de Blaquerna[7].
Por volta de 455, Juvenal também enviou ao papa Leão I um fragmento da Vera Cruz[5][8].
Referências
- ↑ a b c d e f g «A História da Igreja de Jerusalém» (em inglês). More Who is Who. Consultado em 26 de maio de 2012
- ↑ Epístola 119. To Maximus, Bishop of Antioch, by the hand of Marian the Presbyter, and Olympius the Deacon. (em inglês). [S.l.: s.n.]
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sem|sobrenome1=
em Authors list (ajuda); P.L. 54, 1041–46) - ↑ "Robber Council of Ephesus" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
- ↑ "Eutychianism" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
- ↑ a b Epístola 139. To Juvenal, Bishop of Jerusalem. (em inglês). [S.l.: s.n.]
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sem|sobrenome1=
em Authors list (ajuda); na P.L. LIV, 1108 - ↑ P.G. XCVI, 747-51
- ↑ "Tomb of the Blessed Virgin Mary" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
- ↑ "The True Cross" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
Precedido por Práulio |
Patriarcas de Jerusalém 422–458 |
Sucedido por Anastácio I |