Mesquita dos Cafariotas
Mesquita dos Cafariotas Kefeli Camii | |
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Lado sul da mesquita | |
Informações gerais | |
Nomes alternativos | Kefeli Mescidi |
Tipo | Mesquita |
Estilo dominante | Bizantino e Otomano |
Função inicial | Igreja |
Religião | • Cristianismo ortodoxo (séc. IX (?)–1475) • Catolicismo romano e armênio (1475–1630) • Islamismo (1630–atual) |
Geografia | |
País | Turquia |
Cidade | Istambul |
Localização | Distrito de Fatih |
Coordenadas | 41° 01′ 46″ N, 28° 56′ 30″ L |
Localização da Mesquita dos Cafariotas em Istambul |
A mesquita dos Cafariotas (em turco: Kefeli Camii; assim nomeado em honra aos habitantes de Cafa na Crimeia), também chamada Pequena Mesquita dos Cafariotas (em turco: Kefeli Mescidi; mescit é turco para pequena mesquita) é uma antiga igreja ortodoxa oriental em Istambul, Turquia, mais tarde conjuntamente oficiada por católicos romanos e armênios e finalmente convertida em uma mesquita pelos otomanos. A igreja católica foi dedicada a São Nicolau. Sua data de consagração como Igreja Ortodoxa é desconhecida. A mesquita é interessante porque repropõe a forma precoce da basílica cristã durante o período bizantino final.[1]
Localização
[editar | editar código-fonte]O edifício encontra-se em Istambul, no distrito de Fatih, na bairro de Salmatomruk, em Kasap Sokak, mais ou menos a meio caminho entre o Museu de Chora e a Mesquita de Fethiye.
História
[editar | editar código-fonte]A origem deste edifício, que localiza-se no sopé da sexta colina de Constantinopla, é incerta. A tradição afirma que no século IX Manuel, o Armênio, um general das guerras contra os sarracenos durante o reinado do imperador Teófilo (r. 829–842), converteu sua casa, que ficava próxima da cisterna de Áspar, em mosteiro;[2] Manuel era tio da imperatriz Teodora e antes de se retirar para seu mosteiro foi um dos três conselheiros que ajudaram-na na regência do infante Miguel III, o Ébrio, após a morte de seu marido.[3][4][5] O mosteiro foi reconstruído pelo patriarca Fócio, e foi restaurado novamente pelo usurpador Romano I Lecapeno (r. 920–944). O imperador Miguel VII Ducas (r. 1071–1078), ao ser deposto, partiu para o mosteiro.[6] Todos estes eventos mostram a importância deste mosteiro em Constantinopla. De qualquer forma, a atribuição do edifício ao complexo fundado por Manuel está longe de ser certo, e tem sido negado pela pesquisa mais recente.[1]
A história documentada do atual edifício começa em 1475, logo após a Queda de Constantinopla, quando os otomanos conquistaram a colônia genovesa de Cafa, na Crimeia. Todos os habitantes latinos, gregos e judeus que viviam em Cafa ("cafariotas" ou, em turco, "Kefeli") foram então deportados para Istambul e realojados neste quarteirão. Os latinos, principalmente genoveses, foram autorizados a usar este edifício como uma igreja junto com os armênios.[1] A igreja, dedicada a São Nicolau, foi oficiada pelos dominicanos e mantida por quatro famílias católicas. Armênios e católicos tinham altares separados. Este pequena igreja dependia da vizinha igreja católica de Santa Maria, que mais tarde tornou-se a Mesquita de Odalar. Em 1630, sob o reinado de Murade IV (r. 1623–1640), a igreja foi convertida em uma pequena mesquita (mescit) pelo grão-vizir Recebe Paxá, mas manteve a denominação, sendo primeiro conhecida como Kefe Mahalle e depois como Kefeli Mescidi. Em troca, os armênios obtiveram uma igreja grega em Balat.[7]
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]A datação do edifício é incerta. A abside poligonal e os nichos na abside são típicos das igreja do período paleólogo. O edifício é arquitetonicamente interessante porque é um exemplo de re-proposição da forma da basílica cristã precoce durante o final do período bizantino.[1] O edifício é um grande salão, de 22,6 metros de comprimento por 7,22 de largura, orientado na direção norte-sul, o que é bastante incomum entre as igrejas bizantinas em Constantinopla. Sua alvenaria consiste de camadas alternadas de tijolos e pedras. O edifício original tinha uma planta de três naves, mas os únicos restos das naves laterais pertencem à parede final ocidental. Do lado norte há um arco e uma abside semicircular feita de tijolos, que fora tem um formato poligonal. Nas paredes da abside há dois nichos. A principal nave lateral tem paredes que são iluminadas por duas faixas de janelas. As janelas inferiores são muito mais largas que as superiores. A entrada está situada no meio da parede ocidental. Sob o lado ocidental há uma cisterna, cujo telhado assenta em três colunas.[8]
Referências
- ↑ a b c d Mathews 1976, p. 190.
- ↑ van Millingen 1912, p. 254.
- ↑ Guilland 1967, p. 437.
- ↑ van Millingen 1912, p. 255–256.
- ↑ Winkelmann 2000, p. 138.
- ↑ Van Millingen 1912, p. 257.
- ↑ Müller-Wiener 1977, p. 166.
- ↑ Van Millingen 1912, p. 258.
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Kefeli Mosque», especificamente desta versão.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Guilland, Rodolphe (1967). Recherches sur les Institutions Byzantines, Tome I. Berlim: Akademie-Verlag
- Mathews, Thomas F. (1976). The Byzantine Churches of Istanbul: A Photographic Survey. University Park: Pennsylvania State University Press. ISBN 0-271-01210-2
- Müller-Wiener, Wolfgang (1977). Bildlexikon Zur Topographie Istanbuls: Byzantion, Konstantinupolis, Istanbul Bis Zum Beginn D. 17 Jh. Tubinga: Wasmuth. ISBN 978-3-8030-1022-3
- van Millingen, Alexander (1912). Byzantine Churches of Constantinople. Londres: MacMillan & Company
- Winkelmann, Friedhelm; Ralph-Johannes Lilie; Claudia Ludwig; Thomas Pratsch; Ilse Rochow; Beate Zielke (2000). «Manuel (#4707)». Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit: I. Abteilung (641–867), 3. Band: Leon (#4271) – Placentius (#6265) (em alemão). Berlim, Alemanha e Nova Iorque, EUA: Walter de Gruyter. pp. 136–141. ISBN 978-3-11-016673-6